quarta-feira, 18 de março de 2015

Homem

Caminhava a ermo entre aqueles destroços humanos.

Não identificava sequer uma chama de esperança naqueles corações flagelados pela dor e desesperança.

Há quanto tempo trafegava nessas condições de semi-vida.

Muitas situações havia presenciado que até para seus padrões morais pouco desenvolvidos se apresentavam grotescas e violentas.

Onde procurar o termo dessa existência de dor e sofrimento?

Onde encontrar a porta da esperança que daria uma saída para sua situação de penúria e martírio?

Aquelas pequenas partículas de líquido acinzentado que lhe caía na face era um alívio ao escaldante redemoinho de insatisfações e desespero.

Acorda filho meu! Acorda...

Uma voz feminina distante tentava fazer com que a mente desequilibrada do jovem tomasse posse de seus pensamentos.

O acidente foi inesperado e a irresponsabilidade não pode ser agraciada pela providência.

Somos herdeiros de nossa semeadura. Somos herdeiros de nós mesmos.

Muito tempo ainda se passou em nosso padrão terrestre para que alguma recuperação de consciência pudesse ser observada junto àquele perispírito danificado pela desintegração dos centros nervosos.

A cada um segundo suas preferências.

Ainda neste momento é preciso buscar o equilíbrio das forças materiais e espirituais a fim de que nessa encarnação possamos obter o caminho salutar da renovação dos instintos e das propensões inferiores.

Claro é que o jovem se recuperou e por novos caminhos encontrou sua paz. Mas a que custo?

Cuidemos de nossos anseios e desejos.

O pensamento cria, constrói e destrói, alivia e penaliza, ama e odeia.


Boa noite e bons sonhos...



Ansiedade e fé


Já nos apercebemos ansiosos por algum fato, em alguma situação?
É normal que, em determinados momentos da vida, sintamos esse excesso de expectativa, uma vontade de acelerar o tempo, de que as coisas se concluam e que elas aconteçam rapidamente.
Entretanto o que aconteceria se esses momentos se sucedessem com grande frequência?
O que ocorreria se substituíssemos uma preocupação solucionada por outra, logo em seguida, com o mesmo nível de expectativa?
Não raro, chegamos a agir dessa forma frequentemente.
Vamos acumulando momentos de ansiedade, renovando-os, mantendo-nos em um estado ansioso perene, constante.
Como essa situação emocional não é a adequada, não é a desejada para o cotidiano do organismo, este sofre com o contínuo bombardeio desse temperamento ansioso.
Sempre se constituirá em prejuízo ao nosso organismo a excessiva preocupação e cuidados que registremos para pessoas, acontecimentos ou coisas.
A ansiedade traduz desarmonia interior, insegurança e insatisfação. É a exteriorizaçãodo inconformismo, do qual decorre a incerteza em torno das ocorrências do cotidiano. 
Não podemos controlar todas as variáveis da vida.
Sempre haverá situações que escapam do nosso alcance, do nosso controle.
Nesses momentos, nos quais fizemos tudo o que nos cabia, nos quais utilizamos de todos os recursos possíveis, cabe-nos apenas aguardar os desígnios da vida.
Será nesse exato momento que agirá a nossa fé.
Construída no entendimento de que Deus provê todas as nossas necessidades, e de que tudo que nos ocorre está sob os auspícios divinos, a fé nos tranquiliza e acalma na dificuldade.
Essa fé, antídoto da ansiedade, não nasce no nosso emocional.
Ela é trabalhada na razão, na compreensão da presença de Deus em nossas vidas, e na certeza do Seu amparo amoroso.
Ensinando-nos a trabalhar nossa ansiedade, Jesus, terapeuta maior, nos provoca inúmeras reflexões:
Não vos inquieteis com o amanhã porque o amanhã trará seus próprios cuidados.
Basta a cada dia o seu mal.
As aves do céu não semeiam nem ceifam e vosso Pai Celestial as alimenta.
Olhai os lírios dos campos...
Se nos permitirmos meditar em torno dessas propostas de Jesus, nosso olhar perante a vida se modificará.
A ansiedade cederá espaço para a fé.
A confiança na Providência Divina, o entendimento de que não estamos sós, ganhará espaço em nossa intimidade.
A certeza de que Deus nos provê as necessidades passa a substituir o sentimento de ansiedade, quando não o de medo e insegurança perante a vida.
Dessa forma, se nos percebermos por demais ansiosos, busquemos a meditação, a reflexão profunda nos ensinamentos de Jesus, e na nossa relação com Deus.
Utilizemos a oração para nos amparar na construção da fé raciocinada, da compreensão da vida, da confiança em Deus.
Assim agindo, aos poucos, as dúvidas e incertezas diminuirão, e as veremos como processo natural da nossa existência na Terra.
Finalmente, quando formos surpreendidos pela ansiedade excessiva, após fazer o que nos cabe, entreguemos nossas preocupações e medos ao Pai, e Ele saberá como melhor conduzir todas as questões.

Considerações...
A ansiosidade atinge as pessoas de maneira diferenciada. Cada um de nós a interpreta de uma forma própria e depende fundamentalmente do estado de espírito, da experiência e da vivência única do indivíduo.
O valor auferido aos objetos de desejo, tanto materiais quanto espirituais quando em equilíbrio trazem satisfação e serenidade.
A busca pela felicidade, o bem estar e harmonia é intrínseca às criaturas e deve ser o alvo de nossas ações.
A vida não é paraíso e nuvens e nem martírio e inferno. É equilíbrio.
Equilíbrio traz paz ao coração e clareza de pensamentos. Assim podemos seguir adiante sem medos e contradições.



Texto Base - Redação do Momento Espírita, com citações do 
cap. 49, do livro 
Otimismo,pelo Espírito Joanna de Ângelis, 
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.Em 17.3.2015.  
 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Paciência, a fórmula da cura.

Na China antiga, conta-se que certa vez apareceu um jovem extremamente irascível naquelas paragens de plantações de arroz.
Como de costume foi recolhido a um dos templos da comunidade e adotado por um Mestre de grande sabedoria e experimentado na vida.
No primeiro olhar já identificara no rapaz algumas qualidades apesar da dureza de seu coração. Vivia inquieto e alguma coisa parecia perturbar-lhe o semblante. No seu olhar não havia o brilho que se esperava para um jovem de sua idade.
O tempo foi passando, sempre observado de perto por Xinzú, o Mestre.
Certa vez saíram para uma excursão a um vilarejo não muito distante de sua comunidade a fim de visitar algumas pessoas adoentadas. Encontraram uma olaria abandonada e o Mestre convidou o jovem a fabricar tijolos, ensinando-o como recolher o barro, prepará-lo na consistência correta e com as próprias mãos moldar a peça e deixá-la secar ao sol. Não era costume usar fornos para queimar os tijolos.
Naquele dia cada um fez o seu tijolo.
Nessas caminhadas, Xinzú ia levando conhecimento ao rapaz tentando abrandar e burilar seu coração e educar seus pensamentos.
No dia seguinte, foram novamente à olaria e quando chegaram, os tijolos do dia anterior lá não estavam. Resolveram moldar dois tijolos cada um.
Interessante que nesses dias nunca chegaram ao vilarejo que pretendiam alcançar.
Os dias foram passando e a história se repetia. Os tijolos do dia anterior desapareciam misteriosamente e os dois neófitos oleiros fabricavam sempre um a mais do que no dia anterior.
O jovem estava ficando empertigado.
Depois de mais de três luas, quando já fabricavam em torno de 100 peças ao dia, o rapaz parou, olhou para Xinzú e perguntou: Tenho seguido suas orientações e, no entanto ainda não sinalizou qual a finalidade disso tudo.
O Mestre olhou no fundo dos olhos do jovem e falou: siga-me, vamos ao vilarejo que lhe falei há algum tempo.
Chegando ao pequeno ajuntamento de casas, foram recebidos alegremente pelos habitantes do local. Era uma comunidade de seres humanos portadores de hanseníase e estavam todos agradecidos pela oportunidade de levantarem novas pequenas casas com os tijolos fabricados e deixados na olaria.



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Um curso formidável


Ainda hoje nos perguntamos qual o sentido da vida? Qual o objetivo? Onde queremos chegar?
Por que nascemos? Por que crescemos?
Por que vamos nos modificando ao longo dessa curta existência na Terra?
Sexo oposto, união, filhos, parentes, amigos, inimigos...
Trabalho, diversão, doença...
O que Deus quer de nós? Que caminhos nos preparou? Qual a nossa participação nessa grande aventura?

A vida terrena, isto é, a vida de cada um, pode ser comparada a um curso numa escola muito dinâmica. Oferece ao Espírito * (nossa individualidade) que nela se matricula uma programação capaz de fazê-lo chegar ao Pai Criador, de forma eficiente e gradativa, porque nada na natureza ocorre da noite para o dia.
Nesse curso, cada um extrairá dele o que realmente precisa para o enriquecimento do seu currículo.
Cada qual demora o tempo que lhe é devido, em razão do tipo de coisas que precisa aprender, dentro do grande projeto de Deus, chamado eternidade.
O período inicial, a introdução do curso, se chama infância. Todos sabemos que para se conseguir avançar em qualquer curso, a base se faz indispensável. Quem deseja aprender a ler, começa por tomar contato com as vogais, o alfabeto, para depois unir sílabas, palavras e elaborar frases.
A infância é o período em que devem ser trabalhadas as virtudes, os valores, disciplinando as paixões e os maus hábitos. Eis a função básica da estrutura familiar. Normalmente famílias bem estruturadas produzem indivíduos de bem.
Quando a criatura chega à adolescência, adentra o primeiro estágio do curso. Nessa fase, expressará tudo o que a infância tenha fixado de grandezas ou de pequenezes, de belezas ou de feiuras, aos níveis do avanço intelectual e progresso moral, quase sempre. Há indivíduos que renascem com plena consciência da Ética Cósmica e apresentam-se como verdadeiros educadores desde a infância.
Superados os tempos adolescentes, chegará o segundo estágio, o da juventude, onde o indivíduo quer se firmar como cidadão do mundo e pensa saber tudo. Mero engano.
O período da madureza seria o terceiro estágio, onde quase sempre enfrenta os desafios das realizações do casal, da criação e encaminhamento dos filhos e das conquistas profissionais.
E, finalmente, ingressa no quarto estágio, que seria a velhice. Nesse, pesará toda a bagagem de conhecimentos, de desenvolvimentos que haja elaborado através do tempo. As bênçãos de afetos conquistados, as alegrias pela colheita de ternura, júbilos pelas memórias felizes de feitos, saudáveis lembranças ou lamentos por eventual mau aproveitamento das horas.
Cada fase é importante. Tem suas particularidades. Quando a introdução do curso tenha sido bem feita, isto é, a infância bem trabalhada, a adolescência tenha realizado investimentos para a madureza, com boas ações na juventude, o adulto se apresentará equilibrado.
Se tiverem sido mal feitos os estágios precedentes, menos recursos terá o indivíduo adulto para trilhar com segurança a estrada que lhe está assinalada.
Dessa forma, cada período de vida na Terra se torna importante. O objetivo é o crescimento para Deus que, como zeloso Pai, está sempre atento, por meio de Suas Leis (Leis Divinas), aos boletins de aproveitamento dos Seus filhos.
Contemplada desse ponto de vista, a vida deixa de ser um simples desenrolar de dias, cheios de tarefas, correrias e cansaço, para se tornar uma oportunidade excelente de progresso.
E quem quer que se conscientize de que participa de um curso de aperfeiçoamento, entenderá que tudo que ocorre tem uma razão para acontecer.
Então, a dificuldade deixa de ser incômoda para se transformar em chance de testar a capacidade de resolver problemas.
A multiplicidade das tarefas que exige atenção não é problemática de difícil solução, pelo contrário, é motivo de disciplina e aproveitamento do tempo.
A enfermidade deixa de ser vista como infelicitadora para se tornar uma amiga que permite testar a possibilidade de superar limites.
Enfim, tudo, a cada dia, ganha destaque e relevância, pois entra no cômputo da graduação para o progresso individual do ser.
Pensemos nisso.

(*) – Espírito é nossa individualidade, que depois de criado por Deus é eterno. A individualidade é a soma de todo o aprendizado e progresso das diversas personalidades, isto é, encarnações do espírito.


Apresentação modificada do Texto da Redação do Momento Espírita, 
com base no capítulo Estágios da reencarnação na Terra
do livro Desafios da educação, pelo Espírito Camilo, 
psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
Em 28.1.2015.



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Problemas & Soluções

Pessoas são interessantes. Aguardam soluções externas para seus problemas e esquecem que toda solução nasce dentro de nós mesmos.

Aqui a perda de um emprego, ali uma separação de casal, acolá um filho que se perdeu no consumo de drogas.

Culpa-se, naturalmente, o ambiente, as amizades, os amigos incompreensíveis e até mesmo os inimigos. 

Ah! Esses inimigos!

O maior inimigo é o meu próprio “EU”.

Se conseguirmos controlar esse “EU”, todos os problemas estarão em curso de solução.

Muito natural, em razão de nossa pouca madureza espiritual, colecionarmos problemas. Já as soluções... Dependem exclusivamente de nossa capacidade de aprendermos a nos colocar em posição de perceber a solução. Nem sempre é muito fácil.

Esquecemos corriqueiramente ser a imagem e semelhança de Deus e nos lembramos com insistência que somos somente “corpo”.

E esse corpo exige.

Exige conforto.

Exige consumo.

Exige algumas pequenas alucinações.

Exige novidades, constantemente e nem sempre saudáveis.

Exige satisfação, mesmo que rápida.

Permanecemos rodeados de expectativas e chamados passageiros, quando deveríamos ficar mais atentos ao que é duradouro – As coisas do Espírito – que o tempo não corrói.

A solução para cada um de nossos problemas é resultado de um processo demorado e trabalhoso que cresce no âmago do espírito humano.

O ideal é que estivéssemos preparados de pronto.

Primeiro, e mais importante, para não atrairmos problemas e segundo, caso haja necessidade, sermos capazes de formular soluções razoáveis e duradouras, evitando dessa forma o ciclo interminável das quedas.
 
“EU”, não deve ser o problema e sim a solução.





Pena de Morte

Ética, Moral ou simplesmente uma moda da presente situação de nosso mundo? Nem levantaremos, neste momento, a questão dos seres mais inferiores ao homem.

Qualquer abreviação da vivência do corpo físico, ou da presente personalidade, sem a devida “autorização” Divina é um sério comprometimento diante da individualidade espiritual.

A vida é concebida por Deus e somente ele tem o poder de desintegrá-la, devolvendo seus ingredientes excepcionais ao “Todo”, e não o faz.

Explicando melhor: Ninguém tem o direito de abreviar a vida material sem que haja consequências futuras. O ato é da consciência de cada um, entretanto, a colheita é obrigatória.

A individualidade (espírito) foi instituída pelo Amor Divino para participar da grandiosa e misteriosa jornada da consciência de si mesmo em meio a um turbilhão de eventos singulares do Cosmos.

Nesta Terra ainda adormece o espírito da fraternidade entre seus habitantes e, portanto, ocorrências de extermínio de vidas preciosas ainda fazem parte de comunidades não afeitas ao conhecimento da continuidade da vida sutil e eternidade do espírito, sendo naturais e apoiadas em leis locais.

Jesus já adiantava que deveríamos perdoar setenta vezes sete vezes.

A educação do espírito voltada para a Ética Cósmica é ainda alguma coisa que vemos bastante distante na presente época em que vivemos, com leis absolutamente obsoletas e tendenciosas, premiando o orgulho e a vaidade dos seres humanos.

A Pena de Morte é o fim de uma caminhada tortuosa e deficiente da compreensão das Leis Divinas e o mundo não deixará de aplicá-la conquanto mentes e corações endurecidos no erro e na irresponsabilidade se deixarem envolver por soluções fáceis e fracas em seus princípios.

Se nosso espírito não estiver em conformidade com a “VIDA”, pouco nos resta e continuaremos a assistir periodicamente o instinto sobrepujar a razão.

Aplicar a Pena de Morte é equiparar-se a Deus.




segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O que as águas não refletem... na superficialidade não reside.

Quando estava entre nós, Ele costumava contemplar-nos e ao nosso mundo com um olhar de admiração, pois os véus dos anos não velavam Seus olhos, e tudo o que via era claro à luz da juventude.

Embora conhecesse o belo em toda sua profundidade, a paz e a majestade da beleza jamais deixaram de surpreendê-lO, e esteve diante do mundo como o Primeiro Homem estivera diante do primeiro dia.

Nós, com os sentidos já embotados, ficamos à plena luz do dia, mas não vemos.

Aguçamos os ouvidos, mas não ouvimos; estendemos as mãos, mas não chegamos a tocar.

Não vemos o lavrador em seu retorno do campo ao findar o dia; nem ouvimos a flauta do pastor que conduz seu rebanho para o curral; nem estendemos os braços para tocar o pôr do sol, e nossas narinas não mais anseiam pelas rosas...

Não, não veneramos um rei que não tenha um reino; nem ouvimos o som de uma harpa sem que haja uma mão a dedilhar-lhe as cordas; tampouco vemos uma pequena oliveira na criança a brincar em nosso olival.

E é preciso que cada palavra surja dos lábios carnais de uma boca, senão julgamo-nos mudos e surdos.

Na verdade, fitamos, mas não vemos; atentamos, mas não ouvimos; comemos e bebemos, mas não saboreamos.

E é aí que reside a diferença entre nós e Jesus de Nazaré.

Todos os Seus sentidos se renovavam continuamente, e o mundo para Ele era sempre novo.

Para Ele, o balbucio de um bebê não era menor do que o clamor de toda a Humanidade, enquanto para nós nada mais é do que um balbucio.

O que as águas não refletem é que para Ele, a raiz de um botão de flor era um anseio por se aproximar de Deus, enquanto para nós não passa de uma raiz...


Redação do Momento Espírita, com base no cap. Um filósofo, do livro Jesus, 
o Filho do Homem, de Gibran Khalil Gibran, ed. Associação Cultural Internacional Gibran.
Em 10.1.2015.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Alabê de Jerusalém - Os intolerantes - Altay Veloso



“Já que você deu licença pra esse Negro falar”...
Não duvida da cabeça que tem coroa ou cocar
Nenhuma auréola resiste ao tempo sem se apagar
Se não tiver a serviço de Deus ou de um Orixá.
Nego velho vem de longe, minha crença tem estrada
Moço exijo respeito a sua voz é malcriada
Não seja tão leviano, respeite minha Aruanda
Tem quase cinco mil anos de existência minha Banda.
E às vezes corações que crêem em Deus, são mais duros que os ateus. 
E jogam pedra sobre as catedrais dos meus deuses Yorubás. 
Não sabem que a nossa terra é uma casa na aldeia, religiões na Terra são archotes que clareiam.
Num canto da casa quem com fervor procura ajuda tem o archote de Buda pra iluminar sua fé,
Lá onde a terra pouco verdeia, pra não se perder na areia, tem que ter lá na candeia a chama de Maomé.
Ah essa nossa terra é uma casa na aldeia, religiões na Terra são archotes que clareiam. (Clareia Zambi clareia...).
Assisto com muita tristeza a pena da aspereza dilacerando a beleza de uma linda sinfonia. A aguarrás de juízes, ciumentos inflexíveis, descolorindo os matizes de uma linda pintura, só porque não gostam da assinatura!
Mas vai como uma bailarina, com a inocência de menina, dançando em volta do sol, a Grande Mãe Terra. Enquanto muitas nações, governos, religiões ensaiam a dança da guerra.
Ah na verdade a bola azul quase nunca foi amada; é sempre penalizada. Tem um trabalho enorme, dedicação e talento para preparar a mistura, juntar os seus elementos para dar forma às criaturas, e elas depois de paridas, desconhecem a matriarca e dizem mal agradecidas: que a carne é fraca.
E quando o planeta gera um Avatár, um iluminado assim como o Nazareno, tem logo quem se apresenta com conhecimento profundo e diz: não é desse mundo, só pode ser extraterreno.
Ah, é difícil entender porque é que o homem, até hoje, cospe no prato que come. Algumas religiões, não sei por qual motivo, dizem que a Terra é um território com vocação pra purgatório, não passa de sanatório... E que nós só seremos felizes longe dela, bem distante, lá onde os delirantes chamam de paraíso.
Olha, eu vou dizer na minha simples observação dia após dia, me perdoem a liberdade, mas religião de verdade mais parecida com a que Jesus queria, talvez seja a ecologia. Pra ela não tem fronteira e só reza um mandamento: preservação das espécies com urgência, sem adiamento.
Hoje, ela pensa nas plantas, nos rios, no mar, nos bichos. Amanhã, com certeza, com a mesma dedicação e capricho, pensará com muito cuidado nos meninos abandonados.

Ah, se ela tivesse mais força para sustentar sua zanga, evitaria com certeza a fome cruel de Ruanda. Ainda era uma menina quando a impertinência sangrou com a bola de fogo a pobre Hiroshima. Mas ela cresce, se instala como uma prece no coração das crianças,tenho muitas esperanças...
Eu tenho toda a certeza que o nosso planeta um dia mesmo cansado, exausto, terá toda a garantia e guardado por uma geração vigia, nunca mais verá a espada fria do Holocausto.
A intolerância eu repito, é a mais triste das doenças, não tem dó, não tem clemência. Deixa tantas cicatrizes nas pessoas, nos países, até as religiões, guardiãs da Luz Celeste, abandonam seus archotes para empunhar cassetete. E o que na verdade refresca o rosto de Deus, é um leque, que tem uma haste de Calvino e outra de Alan Kardec. Na outra haste, a brisa, que vêm das terras de Shiva, é uma dos franciscanos é outra dos beduínos. Não precisa ir muito longe... Jesus nasce entre os rabinos.
É nego velho tá cansado, chegou entusiasmado pra cumprir o prometido,
agora to meio perdido, mas fica por conta da idade, tá me faltando memória, já não falo coisa com coisa, perdi o fio da história, ah me desculpa minha gente, mas Alabê vai embora...
"As águas de Ocanaã banharam o seu corpo
O Ébano de Daomé do meu fez o seu porto
Nas bodas de Canaã o Xangô provou o vinho
O desejo de Iansã me colocou no seu caminho
Seus ancestrais de Ifé e os meus da Palestina
Pediram juntos à Javé, que abrisse as cortinas
Pra que ouvisse seu tambor soando através dos tempos
O meu fio condutor foi teu amor, teu sentimento
Alabê sábia é a Natureza minha face indefesa
Você não pode ver,mas se a intolerância diz
minha nobre blasfema
Ai meu amor serena,quero te ver feliz”.
Ah minha bela Judite amor da minha vida onde estás???
"Por obra de Ocanaã estou nesse momento na mansão de Iansã
sou hóspede dos ventos
Por conta do nosso amor a estrela da Galiléia pos os raios de Xangô nos candelabros da Judéia."
To com os olhos cheios d'água!!!
"Alabê sábia é a Natureza minha face indefesa
Você não pode ver, mas se a intolerância diz
minha nobre blasfema
Ai meu amor serena, quero te ver feliz."
Judite! Meus olhos encheram d'água pra apagar essa chama da intolerância insana que com soberba e com frieza nos homens coloca venda pra que não vejam a beleza
das diferenças entre nós.
"Odoyá Yemanjá... Opará... Mogbá... Eparrêy... Saluba Nanã... Ora yê yê...”.
São os anéis da Oxum, as contas de Yemanjá, a serenidade de Nanã, a valentia de Oyá
Benditas sejam essas moças Deusas da natureza, que tiveram a gentileza de cuidar de Oxalá, uma dando seu ventre essa é a mais sagrada, Vai perpetuar seu nome. Saudação: Ora yê yê ô...Saluba Nanã saluba... Bendito esse seu destino que preparou sua carne pra ser avó do Menino, e essa vida um bom começo é a educação de DEUS.
"Oxalá, Jesus orai por nós, por nós...”.
Olha a voz de Yemanjá sofrendo a dor do exílio, ela que cuidou dos filhos quando abriu o mar vermelho é hoje apenas sereia no reflexo do espelho.
Estala Yansã, e instala sua ventania na escrita da cabala, sua luz é um poema nos olhos de Madalena.
Do olho d'água nasce um rio tão admirável e fecundo,
Não há nenhum paralelo na história do nosso mundo quanto a saga das mulheres que cuidaram de Jesus, Áh... talvez seja por isso que Jerusalém não dorme
ela também é mulher,é mãe,são obrigações enormes,doa vida,ergue a cruz e sofre de febre intensa quem de Deus teve a licença prá conviver com a presença da treva e da luz.
Treva que sempre consome toda doçura dos homens...
A escuridão dá medo...
Semeia desassossego e ela é cruel é voraz,chegou pra roubar a vida,chegou bem as escondidas,bota sua voz suicida nos lábios de Caifaz...."