domingo, 15 de fevereiro de 2015

Paciência, a fórmula da cura.

Na China antiga, conta-se que certa vez apareceu um jovem extremamente irascível naquelas paragens de plantações de arroz.
Como de costume foi recolhido a um dos templos da comunidade e adotado por um Mestre de grande sabedoria e experimentado na vida.
No primeiro olhar já identificara no rapaz algumas qualidades apesar da dureza de seu coração. Vivia inquieto e alguma coisa parecia perturbar-lhe o semblante. No seu olhar não havia o brilho que se esperava para um jovem de sua idade.
O tempo foi passando, sempre observado de perto por Xinzú, o Mestre.
Certa vez saíram para uma excursão a um vilarejo não muito distante de sua comunidade a fim de visitar algumas pessoas adoentadas. Encontraram uma olaria abandonada e o Mestre convidou o jovem a fabricar tijolos, ensinando-o como recolher o barro, prepará-lo na consistência correta e com as próprias mãos moldar a peça e deixá-la secar ao sol. Não era costume usar fornos para queimar os tijolos.
Naquele dia cada um fez o seu tijolo.
Nessas caminhadas, Xinzú ia levando conhecimento ao rapaz tentando abrandar e burilar seu coração e educar seus pensamentos.
No dia seguinte, foram novamente à olaria e quando chegaram, os tijolos do dia anterior lá não estavam. Resolveram moldar dois tijolos cada um.
Interessante que nesses dias nunca chegaram ao vilarejo que pretendiam alcançar.
Os dias foram passando e a história se repetia. Os tijolos do dia anterior desapareciam misteriosamente e os dois neófitos oleiros fabricavam sempre um a mais do que no dia anterior.
O jovem estava ficando empertigado.
Depois de mais de três luas, quando já fabricavam em torno de 100 peças ao dia, o rapaz parou, olhou para Xinzú e perguntou: Tenho seguido suas orientações e, no entanto ainda não sinalizou qual a finalidade disso tudo.
O Mestre olhou no fundo dos olhos do jovem e falou: siga-me, vamos ao vilarejo que lhe falei há algum tempo.
Chegando ao pequeno ajuntamento de casas, foram recebidos alegremente pelos habitantes do local. Era uma comunidade de seres humanos portadores de hanseníase e estavam todos agradecidos pela oportunidade de levantarem novas pequenas casas com os tijolos fabricados e deixados na olaria.



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