quinta-feira, 30 de abril de 2015

Pedacinhos de nós...

Quantas e quantas vezes não somos convidados a doar um pedacinho de nós e nos recusamos por falta de discernimento e mesmo por falta de desapego.

Talvez até por excesso de zelo.

Somos tão apegados ao “eu” que esquecemos que vivemos em um mundo limitado, fechado e que as pessoas ao lado fazem insistentemente parte de nossas vidas.

Particularidade muito forte do ser humano, o apego, chega a camuflar o que realmente somos e sentimos. É uma barreira ao amadurecimento.

Por vezes, é doloroso perceber que podemos nos desfazer de certas crenças e alguns mitos e nada perdemos. Uma derrota para nosso egocentrismo pífio e descolorido.

 Mas até lá, preservamos nossa alma como se fossemos submergir no próximo instante.

Mais que isso, quando nos dispomos a nos dividir chegamos a escolher minuciosa e detalhadamente de qual fragmento vamos nos desfazer.

Na impossibilidade de prever o futuro, nos tornamos pegajosos e insuportáveis.

Viver para o mundo sentindo a presença do “Sublime” é decorrência do esforço daqueles que já superaram seu próprio ego e passaram a conviver pacificamente com suas dúvidas e equívocos.

Deveríamos sim, alicerçados pela fé, cuidar para que pudéssemos ser mais humanos e menos instinto.

Dedicar alguns momentos de nossas vidas para reflexão das tendências asfixiantes do próprio espírito, com certeza, trará alegria de viver e luz no caminho e, assim quem sabe, aprendamos a nos dividir e doar pedacinhos de nós mesmos sem sustos e surpresas.


Pensemos nisso.


Ceres...


segunda-feira, 27 de abril de 2015

A paz em nós...

A palavra paz costuma frequentar os lábios das pessoas.
Muitos afirmam desejar a paz, seja o político influente, o religioso, a mãe de família, o patrão ou o empregado.
Contudo, é comum o sentimento de que a paz está ligada ao que os outros realizam e pensam.
Desejamos encontrar a nossa paz à custa de atos alheios.
Quando não se apresenta da forma que gostaríamos, apressamo-nos a procurar aquele ou aquilo que está impedindo a nossa felicidade.
E é aí que entra nosso instinto de autodefesa e passamos a identificar os responsáveis pelo nosso infortúnio: os outros. Sempre os outros.
Esquecemos que toda realização legítima e duradoura sempre começa no cerne do indivíduo.
Todas as conquistas do ser humano passam pelo esforço individual e insubstituível dele mesmo.
Com a paz não pode ser diferente. Não é diferente.
Mas, em relação a ela, ainda há uma peculiaridade.
A genuína pacificação se opera no íntimo do ser.
O exterior tumultuado pode constituir um desafio à preservação da harmonia interior.
Ocorre que o silêncio do mundo não induz à paz interna.
Aquele que carrega uma consciência pesada busca se agitar bastante, a fim de não se deter na própria realidade. Procura viver o mundo exterior onde não é necessário um exame de consciência mais apurado.
Como algo interno, a paz legítima é uma construção pessoal e intransferível.
Ninguém se pacifica a custa do semelhante.
Um ser iluminado pode dar exemplos, conselhos e lições, contudo, pacificar-se é um processo de dignificação, que só o próprio interessado pode realizar.
Ele pressupõe a compreensão de que atos indignos sempre têm tristes consequências e ninguém adquire plenitude interior sem agir com dignidade e sem dominar seus pensamentos e sentimentos.
A entrega ao crepitar das paixões apenas complica a existência.
Os gozos mundanos são momentâneos, ao passo que a lembrança do que se fez dura bastante.
Não há como viver em paz e desfrutar de vantagens indevidas, prejudicar os semelhantes e fazer o que a consciência reprova.
O requisito básico da paz é a tranquilidade de consciência.
Para isso, é preciso tornar-se senhor da própria vontade.
Hábitos reprováveis de longa data não somem em um repente e é através da vontade firme e determinada que dominamos nossos comportamentos inadequados.
Para não vivermos torturados por desejos ilícitos, também se impõe deter o olhar no que de belo há no mundo e apreciar as oportunidades de mudanças que por vezes sem fim parecem cair à nossa frente.
Requer  firme intenção de corrigir-se aos poucos, de direcionar a própria atenção e o próprio querer para atividades dignas e aproveitáveis.
Devagar, surge o prazer de verificar que a capacidade de alterar nossos sentimentos é real e como resultado, faz-se a paz no íntimo de nosso ser.
Pensemos nisso.




terça-feira, 14 de abril de 2015

Perda de tempo na vida...

Ao nos percebermos na iminência de concluir uma etapa, de encerrar um período da vida, é natural que necessitemos de momentos para reflexões e análises.
Ao final de nossos ciclos, seja de um ano, seja depois de um período em uma empresa, ou ao nos mudarmos de cidade, quase inevitável refletir sobre o período que se encerra e analisar as perspectivas futuras.
Assim também ocorre quando percebemos chegar ao fim o ciclo da existência física.
Múltiplos são os relatos de experiências de profissionais que trabalham com pacientes terminais e o arrependimento mais comumente citado por estes pacientes é não ter tido coragem de expressar seus sentimentos.
Em uma breve análise de como nos relacionamos com nossos afetos, percebemos como isso é uma verdade marcante.
De modo geral, nos deixamos levar por falsas necessidades externas e acabamos esquecendo de escutar nosso coração, nossas necessidades internas.
Freqüentemente, nos preocupamos com nossa posição, nossa imagem perante os outros e a sociedade, permitindo-nos guiar pelo orgulho, que acaba ditando o nosso proceder, e calamos nossos sentimentos.
De outras vezes, nos embaraçamos com sentimentos menores, brigas e desentendimentos corriqueiros.
E fazemos isso de tal forma que concedemos importância e valor a esses pormenores, em detrimento do que efetivamente pulsa em nosso coração.
Como resultado, passamos nossa vida a valorizar sentimentos que, efetivamente, não são os mais significativos.
Quanto tempo gastamos na semana para discutir e reclamar com nossos filhos ou para pequenas brigas domésticas?
Porém quanto desse tempo é dedicado para lhes dizer como eles são importantes para nós?
Qual a freqüência com que nos pegamos criticando e analisando o comportamento, a ação de um amigo, de um ente querido?
Em contrapartida, quanto do nosso tempo investimos para lhes dizer como eles preenchem nossa emoção e nossos dias?
Quantas de nossas amizades se desfazem por uma conversa que não aconteceu, uma pergunta que não foi feita, um esclarecimento que não buscamos?
E quase sempre, isso ocorre porque nos deixamos levar pelo orgulho ou pela presunção, que dispomos em grande dose, e não agimos como nosso sentimento desejaria.
Com essas atitudes, ao longo dos anos, pouco daquilo que vive em nosso coração passa pelos nossos lábios.
Agindo assim é natural que, chegado o momento de concluir a existência, tenhamos profundo arrependimento de não ter dado vazão aos verdadeiros sentimentos.
Por isso, enquanto é tempo, pensemos o quanto conduzimos aos nossos lábios aquilo que efetivamente mora em nosso coração.
Utilizemos nosso tempo para buscar a reconciliação e o entendimento após a discussão, pequena ou de grandes proporções.
Não nos permitamos encerrar o dia em crise com nossas amizades, com nossos amores.
Logo mais, a vida, transitória, passageira, nos irá conduzir a outras paragens.
Pensemos nisso.


Texto modificado de a Redação do Momento Espírita.
Em 11.4.2015
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Um Amigo para Abraçar...

Aquele jovem saía de casa apressado para tomar o vôo para longínquo país onde as regras sociais e os costumes eram bastante rígidos. No entanto havia decidido cumprir estágio para aprimorar seus estudos e experiência na profissão escolhida.
À saída, interrompe-o seu avô, abraçando-o e sussurrando ao seu ouvido: “Aqui sempre encontrará um amigo para abraçar”.
O neto o abraçou e se despediu do restante da família ansioso para iniciar a viagem. Não observou uma pequena e única lágrima que florescia nos olhos daquele que muito sabia da vida e das questões do coração.
No início muitas novidades, novas amizades apesar das diferenças, muito ainda a aprender e pouco tempo para alinhar seus sentimentos.
O tempo foi se precipitando e a rotina já pesava em seus ombros ainda não acostumado à frieza com que era tratado neste novo ambiente. Comportamentos diversos aos seus o mantinha sempre na defensiva e solitário.
O esforço para se manter focado em seu trabalho chegava ao limite do suportável e ainda faltavam alguns meses para seu retorno. Já andava contando os dias e as horas para regresso ao lar.
O ambiente antes calmo e seguro tornara-se perceptivelmente em desagradável e perigoso. Grupos radicais e bem armados surgiam vez ou outra afugentando e perseguindo as minorias.
Depois desses episódios iniciais, seus olhos acostumaram-se a presenciar verdadeiros massacres físicos e morais, ferindo potencialmente seu coração brioso e caridoso. Sobrevivia, juntamente com os demais auxiliares, graças ao seu trabalho de atendimento aos feridos de toda ordem.
Cada novo caso de atrocidades perpetradas contra a população indefesa sangrava seu coração e crescia imensamente a vontade de retornar ao seu país amado e à sua família.
Finalmente após esforços institucionais conseguira regressar e, chegando à frente de seu lar de sempre em sua terra natal, encontra seu avô que o aguardava na porta da frente de braços abertos. Quando se aconchega nos braços do avô, este lhe diz: ”Tranquilize-se, aqui está um Amigo para Abraçar”!

“Amigo é aquele que sorri com os olhos, que fala com os gestos, que ouve com o coração e que chora no seu lugar”!