segunda-feira, 27 de abril de 2015

A paz em nós...

A palavra paz costuma frequentar os lábios das pessoas.
Muitos afirmam desejar a paz, seja o político influente, o religioso, a mãe de família, o patrão ou o empregado.
Contudo, é comum o sentimento de que a paz está ligada ao que os outros realizam e pensam.
Desejamos encontrar a nossa paz à custa de atos alheios.
Quando não se apresenta da forma que gostaríamos, apressamo-nos a procurar aquele ou aquilo que está impedindo a nossa felicidade.
E é aí que entra nosso instinto de autodefesa e passamos a identificar os responsáveis pelo nosso infortúnio: os outros. Sempre os outros.
Esquecemos que toda realização legítima e duradoura sempre começa no cerne do indivíduo.
Todas as conquistas do ser humano passam pelo esforço individual e insubstituível dele mesmo.
Com a paz não pode ser diferente. Não é diferente.
Mas, em relação a ela, ainda há uma peculiaridade.
A genuína pacificação se opera no íntimo do ser.
O exterior tumultuado pode constituir um desafio à preservação da harmonia interior.
Ocorre que o silêncio do mundo não induz à paz interna.
Aquele que carrega uma consciência pesada busca se agitar bastante, a fim de não se deter na própria realidade. Procura viver o mundo exterior onde não é necessário um exame de consciência mais apurado.
Como algo interno, a paz legítima é uma construção pessoal e intransferível.
Ninguém se pacifica a custa do semelhante.
Um ser iluminado pode dar exemplos, conselhos e lições, contudo, pacificar-se é um processo de dignificação, que só o próprio interessado pode realizar.
Ele pressupõe a compreensão de que atos indignos sempre têm tristes consequências e ninguém adquire plenitude interior sem agir com dignidade e sem dominar seus pensamentos e sentimentos.
A entrega ao crepitar das paixões apenas complica a existência.
Os gozos mundanos são momentâneos, ao passo que a lembrança do que se fez dura bastante.
Não há como viver em paz e desfrutar de vantagens indevidas, prejudicar os semelhantes e fazer o que a consciência reprova.
O requisito básico da paz é a tranquilidade de consciência.
Para isso, é preciso tornar-se senhor da própria vontade.
Hábitos reprováveis de longa data não somem em um repente e é através da vontade firme e determinada que dominamos nossos comportamentos inadequados.
Para não vivermos torturados por desejos ilícitos, também se impõe deter o olhar no que de belo há no mundo e apreciar as oportunidades de mudanças que por vezes sem fim parecem cair à nossa frente.
Requer  firme intenção de corrigir-se aos poucos, de direcionar a própria atenção e o próprio querer para atividades dignas e aproveitáveis.
Devagar, surge o prazer de verificar que a capacidade de alterar nossos sentimentos é real e como resultado, faz-se a paz no íntimo de nosso ser.
Pensemos nisso.




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