Quando estava entre nós, Ele costumava contemplar-nos e ao nosso
mundo com um olhar de admiração, pois os véus dos anos não velavam Seus olhos,
e tudo o que via era claro à luz da juventude.
Embora conhecesse o belo em toda sua profundidade, a paz e a
majestade da beleza jamais deixaram de surpreendê-lO, e esteve diante do mundo
como o Primeiro Homem estivera diante do primeiro dia.
Nós, com os sentidos já embotados, ficamos à plena luz do dia,
mas não vemos.
Aguçamos os ouvidos, mas não ouvimos; estendemos as mãos, mas
não chegamos a tocar.
Não vemos o lavrador em seu retorno do campo ao findar o dia;
nem ouvimos a flauta do pastor que conduz seu rebanho para o curral; nem
estendemos os braços para tocar o pôr do sol, e nossas narinas não mais anseiam
pelas rosas...
Não, não veneramos um rei que não tenha um reino; nem ouvimos o
som de uma harpa sem que haja uma mão a dedilhar-lhe as cordas; tampouco vemos
uma pequena oliveira na criança a brincar em nosso olival.
E é preciso que cada palavra surja dos lábios carnais de uma
boca, senão julgamo-nos mudos e surdos.
Na verdade, fitamos, mas não vemos; atentamos, mas não ouvimos;
comemos e bebemos, mas não saboreamos.
E é aí que reside a diferença entre nós e Jesus de Nazaré.
Todos os Seus sentidos se renovavam continuamente, e o mundo
para Ele era sempre novo.
Para Ele, o balbucio de um bebê não era menor do que o clamor de
toda a Humanidade, enquanto para nós nada mais é do que um balbucio.
O que as águas não refletem é que para Ele, a raiz de um botão
de flor era um anseio por se aproximar de Deus, enquanto para nós não passa de
uma raiz...
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Um filósofo, do livro Jesus,
o Filho do Homem, de Gibran Khalil Gibran, ed. Associação Cultural Internacional Gibran.
Em 10.1.2015.
o Filho do Homem, de Gibran Khalil Gibran, ed. Associação Cultural Internacional Gibran.
Em 10.1.2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário