terça-feira, 30 de setembro de 2014

A Folha e a Árvore.


Te alimentei por determinado tempo e lhe ensinei toda a minha sabedoria e do alto de tua morada vislumbrava o céu e o chão que iria um dia te recolher.

No início, na sua juventude, o vento, o frio, o sol e a chuva pouco te incomodavam, mas nada é para sempre, tudo tem seu princípio e fim.

Quando desprendida de tua ligação materna, flutuou nos ares do Conhecimento Cósmico, solitária, tomando direções aleatórias e mal definidas, levada pelos fluxos incessantes da vida.

Ocultando suas possibilidades de entendimento se deixou levar pelas forças da natureza, ora para baixo, ora para cima, ora para os lados.

Após o desarme das amarras físicas, uma sensação de abandono evidenciou-se e a gelidez percorreu as nervuras de seu ser. A seiva não mais percorria suas veias alimentares e o colorido esvaia-se lentamente.

Agora, de baixo para cima, o fundo verde de diversos tons se distanciava rapidamente e a sensação de vazio crescia à medida que aquela terra se aproximava.

Pequenos seres despediram-se de antemão, seguindo caminhos e tarefas independentes e igualmente consideráveis.

O choro abafado e imperceptível aos capilares auditivos das almas humanas, fremiam nos sensíveis corações dos despertos do amanhã.

O Sol se fora e a Lua chegara.

As pequeninas criaturas preparadas para o esvaziamento de vida e o “Apocalipse” trabalhavam arduamente para a efetivação dos desígnios da existência.

E assim acomodaram-na afetuosamente no último reduto, no solo sagrado da “Mãe Terra”.





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