sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Meditação e Espiritismo - Jomar Morais e anotações do blog

Entrevista com Jomar Morais – Jornalista – Programa Caminhos de Luz.

Não há incompatibilidade entre Meditação e espiritismo.

Meditação: É uma técnica de aquietação e centramento da mente. Pode ser aplicada em todas     as situações da vida. A prática da meditação permite aprofundar a vivência da religião e da filosofia de vida, escolhidas. Trás clareza de visão, centramento, equilíbrio psicológico emocional e equilíbrio espiritual.

No tempo de Alan Kardec a meditação era praticada em mosteiros e não aparece na codificação.

As questões 913 a 919 do Livro dos Espíritos trazem esclarecimentos a respeito do egoísmo, o vício raiz do dia a dia - Esclarecimentos de Fénelon e Santo Agostinho.

O que é necessário para que superemos a questão do egoísmo?

Trazendo um ensinamento que Sócrates aprendeu no Oráculo (onde as pessoas iam buscar saber o futuro), Templo de Apolo em Delfos – “Homem conhece-te a ti mesmo” – Autoconhecimento.
Santo Agostinho propõe uma prática que podemos dizer ser a prática da meditação.

“No final do dia fazer um exame de consciência, observar todos os atos do dia”.

Meditação formal – Hoje que vem dos sábios do passado. Tentamos observar o “Aqui e agora” – Centramento da mente – Autoconhecimento.

Meditação: Prática de controle mental. Aquietação mental e centramento mental.

Nossa mente é irrequieta por natureza e produz constantemente macaquinhos que nos puxam para o presente ou para o passado.

Quanto se tem excesso de pensamentos de passado – Angústia, tristeza.

Quanto se tem excesso de pensamentos de futuro – Ansiedade – Projeção.

Nossos pensamentos nos puxam para o passado ou para o futuro e não nos deixam ficar no presente.

A mente foge do presente. E o presente é aquilo que é – A VIDA.

Não se pode realizar nada se estivermos no passado o no futuro e a VIDA REAL é o “AQUI E AGORA”.

A prática da meditação visa fazer com que a mente não se distraia com os macaquinhos que puxam nossos pensamentos para o passado ou para o futuro – Centra no presente. Esteja integralmente onde você está.

Faça integralmente aquilo que está fazendo, com atenção plena e com a mente alerta. Num estado de mente alerta e atenção plena não existe ansiedade e nem angústia – “EXISTE SERENIDADE”.

A meditação é uma técnica que visa alcançar esta meta – A qualidade de vida melhora consideravelmente por que você está em equilíbrio, em perfeito equilíbrio e tem condições de observar sem julgar.

O que torna a prática da meditação mais difícil para os adultos são os nossos hábitos e condicionamentos. A prática da meditação leva a nos descondicionarmos.

O objetivo final da meditação é ficar com a mente alerta 24 horas por dia.

Deixar pleno – Vivendo o aqui e agora, vivendo a plenitude da vida, com perfeita clareza, com perfeita consciência, com possibilidade de observação, de não ser distraído por pensamentos que nos leva para o passado e para o futuro que nos levam constantemente a julgar, a rotular e ficar etiquetando os eventos. Isso faz com que não fiquemos abertos para o movimento da vida, para o novo.

Estamos sempre presos aos conhecimentos e às fixações que ajudam a mente a ficar nesse movimento repetitivo. A Meditação rompe com tudo isso.

Meditação é simples e vai nos trazer a simplicidade e naturalidade da vida, aquela que temos ao nascer.

Respiração - A aculturação e a educação nos torna contidos. A respiração que era abundante e natural passa a ser estrita. Passamos a respirar somente do diafragma para cima. Tensões, estresse do dia a dia faz com que aprisionemos a respiração. A prática da meditação vai romper com tudo isso. Leva de volta no tocante à respiração àquela naturalidade e simplicidade e estarmos perfeitamente prontos para observar a vida.

A Meditação faz parte da tradição cristã.

A meditação surgiu com os eremitas orientais. Dentro da cultura Védica (*), muitas pessoas se dirigiam às florestas e ficavam ali em estado de aquietamento da mente, concentradas até surgir os “insights” – Iluminação.

Outras culturas – Judaica – Jesus passou 40 dias e 40 noites meditando e orando no monte.

Meditar é silenciar. É fazer o caminho interno. É impossível encontrar a paz, felicidade e equilíbrio fora de si. O que buscamos está dentro de nós. O caminho da iluminação é o caminho interno. Na verdade já estamos no lugar que queremos estar. Não conseguimos ver devido ao transtorno natural da mente. A meditação vai fazer com que consigamos ficar nesse ponto onde já estamos. Ganhamos consciência, clareza de visão no ponto onde já estamos.

A meditação é compatível e necessária ma vida atual de desconexão espiritual.

As pessoas estão escravizadas ao tempo, aos compromissos, ao ter, à acumulação – nada disso resolve nossa questão existencial.

Após adquirir tudo o que se queria, somos lançados ao vazio existencial. O que necessitamos está dentro de nós.

A solução existencial, espiritual, está dentro de nós.

A meditação quebra esses condicionamentos, essas fixações.

Benefícios da meditação

Todos os estudos efetuados por 60 anos atestam efeitos positivos sobre a vida psicológica e sobre o corpo do indivíduo.

Meditação é exatamente você tirar de você mesmo a expectativa. Ficar no presente. Não é avaliação.

Notório e comprovado que a meditação equilibra o corpo e a mente:

 - Regula a produção de adrenalina e cortisol.

- Elimina os focos de medo e tensão.

- Estimula a produção no cérebro de neurotransmissores como a serotonina – substância essencial para o equilíbrio emocional. Regula o sono e nos deixa alerta.

- Estimula a produção de endorfinas que nos trazem sensação agradável, leveza, anestésica (doenças dolorosas).

*.*.*

Centro de estudos que onde se estuda os pontos comuns das diferentes tradições religiosas – Deus, Impermanência do ser, Permanência da vida, Amor, Justiça, etc.

Melhor ponto de apoio da meditação é a respiração.

Anotações do blog:

(*) – Vedas

Escrituras sagradas ligadas à religião hindu.

Espinha dorsal de toda a cultura hindu, também chamada de tradição védica.

É a visão que permeia todos os braços do conhecimento e as práticas religiosas da Índia, que devido a sua ancestralidade influenciaram muitas das outras culturas presentes hoje.

Os Vedas através de seus versos, que são chamados de mantras, estão por detrás de muitas práticas religiosas e espirituais.

Há cerca de 3.500 anos, as comunidades da região do vale do Indo, atual norte da Índia, começaram a organizar um dos sistemas religiosos mais antigos de que temos notícia: o Hinduísmo. Suas crenças foram transmitidas oralmente de geração em geração por muitos séculos até serem transcritas nos Vedas, compilação de hinos e preces considerada como o primeiro livro sagrado da história.

Os historiadores estimam que os quatro (4) Vedas – Rigveda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda – teriam sedo compilados entre 1.500 a 900 a.C. e que a primeira versão em papel seja do século 2 a.C.

Por envolverem intrincados rituais que não são mais seguidos e essas quatro escrituras não são úteis atualmente.

O que nos trás o Budismo?

No livro “Budismo – Claro e Simples, como estar sempre atento neste exato momento, todos os dias” de autoria de Steve Hagen encontramos algumas afirmações bastante esclarecedoras a respeito de como devemos observar a realidade.

“Passamos pelo mundo numa trilha estreita, preocupados com coisas insignificantes que vemos e ouvimos, remoendo nossos preconceitos, passando pelas alegrias da vida sem sequer saber que perdemos algo. Nunca por um momento provamos do vinho estonteante da liberdade. Estamos verdadeiramente presos, como se estivéssemos no fundo de um calabouço, atados a cadeias.” – Yang Chu, filósofo chinês, século IV a.C..

Há um modo de ir além dessa ignorância, pessimismo e confusão, e ter a experiência da Realidade como um Todo – em vez de compreendê-la. Essa experiência não está baseada em nenhuma concepção ou crença; é a própria percepção direta. É ver antes que os sinais apareçam, as ideias surjam, antes que se caia no pensamento.

“O ponto central do Budismo é apenas ver. Isso é tudo.”

O que propõe o Buda-Dharma – Doutrina dos Despertos?

As quatro verdades:

1ª – A vida humana é caracterizada pela insatisfação. É imperativo reconhecer que nossa insatisfação se origina em nós. Ela está bem aqui conosco. Ela surge de nossa própria ignorância, de nossa cegueira quanto a qual é a nossa situação de fato, de nosso desejo de que a Realidade seja algo que ela não é. O Buda-dharma baseia-se na Realidade. Ele não é fantasia, nem pensamento veleitário, nem uma negação do que a vida humana é.

2ª – A insatisfação nasce em nós.

3ª – Podemos compreender a origem de nossa insatisfação, e podemos, assim, pôr um ponto final às suas formas mais profundas e existenciais.

4ª – O Buda-dharma nos oferece um meio de ter justamente a experiência dessa compreensão, chamada, às vezes de nirvana ou iluminação, ou simplesmente a liberdade da mente.

No Budismo a jornada é para o que está aqui e agora, despertar para o aqui e agora, para estarmos totalmente vivos, estar de todo presente. E como fazemos isso?

Para se ter a resposta temos que compreender três coisas. Em primeiro lugar, devemos compreender verdadeiramente que a vida é passageira – Impermanência do Ser. Em seguida, devemos entender que já somos completos, dignos e íntegros. Finalmente, devemos ver que somos nosso próprio refúgio, santuário e salvação.

Voltando ao nosso assunto, o aspecto final do caminho óctuplo é a meditação correta ou concentração correta. A meditação correta reúne a mente para que ela se volte para um foco, concentrada e alerta.
Meditação correta é simplesmente continuar com a nossa experiência imediata a cada momento: Na meditação que se faz sentado, o foco da nossa atividade envolve o mínimo possível – apenas o corpo, a mente e a respiração.

“Para a meditação, é adequado um quarto silencioso. Coma e beba moderadamente. Deixe de lado todos os envolvimentos e interrompa todos os afazeres. Não julgue o bom ou mo mau. Não pronuncie prós ou contras. Interrompa todos os movimentos da mente consciente, a avaliação de todos os pensamentos e visões. Não faça planos de se tornar um Buda. A meditação nãotem nenhuma relação com sentar-se ou deitar-se. No local em que você se senta regularmente, espalhe colchonetes e coloque uma almofada em cima. Sente-se de pernas cruzadas, com os joelhos apoiados diretamente sobre o colchonete. Você deve afrouxar suas roupas e cinto, deixando-os em condição adequada. Em seguida, coloque a mão direita sobre sua perna esquerda e deixe a palma da mão esquerda voltada para cima e sobre a palma da mão direita, com as pontas dos polegares se tocando. Assim, sente-se verticalmente numa postura corporal correta, não inclinando nem para a esquerda nem para a direita, nem para a frente nem para trás. Certifique-se de que suas orelhas estejam alinhadas com o seus ombros e de que seu nariz esteja na mesma direção do seu umbigo. Coloque a língua na parte frontal do céu da boca, com os dentes e os lábios fechados. Seus olhos devem permanecer sempre abertos, e você deve respirar suavemente pelo nariz. Uma vez ajustada a sua postura, respire fundo, inspire e expire, movimente o corpo para a direita e para a esquerda e sente-se numa posição cômoda e imóvel.”

Note-se que se trata exclusivamente de uma ferramenta para facilitar nossa interiorização e capacidade de ver clara e efetivamente a Realidade.

No Budismo não há o positivismo da moral Cristã, pois Buda viveu 500 anos antes do nascimento de Jesus.



Nenhum comentário:

Postar um comentário