quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dar sem saber a quem...

Dr. Marcos Araújo, conceituado médico cardiologista de pequena cidade do interior, acabara de receber um transplante de fígado.

Filho único de família abastada fora adotado ainda recém-nascido quando do falecimento de sua mãe devido ao complicado parto a que se submeteu. Os recursos eram escassos e a gestação transcorreu sem o amparo da saúde pública.

Cursou medicina e ainda jovem casou-se com Cláudia e logo perceberam que seriam pais de gêmeos. A alegria tomou conta de seus corações.

A vida transcorria e como de costume, antes do atendimento habitual no consultório, dirigia-se ao Hospital para visita aos pacientes internados, e todas as manhãs aquela jovem senhora o esperava a porta de entrada e lhe oferecia pães feitos em casa.

Marcos acreditava fazer o bem e tinha até uma caderneta junto àquela senhora sorridente e pagava-lhe de 15 em 15 dias pelos pães que levava para casa.

Os anos foram passando e a rotina diária permanecia intocada.

Até então desfrutara de vida confortável junto à esposa e filhos.

Contudo, o mal foi constatado e somente um transplante de fígado afigurou-se inevitável e única solução para o restabelecimento físico do Dr. Marcos.

No Hospital a pesquisa por doadores correu célere e rapidamente encontrou-se doador compatível.

Após breve restabelecimento hospitalar, agora, encontrava-se Marcos junto à sua família em seu lar quando lhe ocorreu conhecer o doador que propiciou seu restabelecimento e por consequência retornar às suas atividades médicas, as quais dedicava verdadeira paixão.

Significava muito para ele e fez questão de receber em sua casa aquele que, num ato de verdadeira humanidade, lhe devolvera a possibilidade e a vontade de viver mais saudável e útil.

Paulo, seu amigo, se encarregou de levar o doador à sua residência na data combinada e levou consigo a ficha contendo todos os dados pertinentes ao caso para exame mais acurado do médico-paciente..

Paulo apresentou Vera, a doadora, que por obra do acaso, tratava-se da mesma senhora de quem Marcos todos os dias adquiria os pães, logo cedo, à porta do Hospital. Abraçaram-se como nunca haviam feito e Marcos ao passar as vistas pela ficha de atendimento quase desmaiou de tamanho susto: “Não é possível? Não pode ser? Ele e Vera haviam nascido na mesma data e no mesmo hospital e o nome da mãe de ambos era exatamente o mesmo”. Acabara de descobrir que possuía uma irmã gêmea!

Tanto tempo se passou e aqueles dois espíritos encarnados, irmãos biológicos, cada um com suas missões específicas, encontravam-se dia a dia sem perceber que Deus oferece a cada um de nós o lugar certo e o momento certo, caso estejamos imbuídos de boa vontade, atender ao chamado pré-estabelecido no plano espiritual.

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Fazer o bem sem saber a quem!


A caridade é o único caminho que liberta o espírito das amarras de si mesmo.



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