domingo, 2 de dezembro de 2012

Orixás - Vibrações Cósmicas



Poucos temas despertam tanta curiosidade e estudo quanto o vocábulo “Orixá”. Muitas correntes de pensamentos tentam defini-la filosófica e até conceitualmente sem chegarem a um consenso; um pouco devido às ideias cristalizadas ou à nossa pouca habitualidade de tratar da nossa evolução como possível, através de exercícios de reflexões e meditações profundas.

Muitos chegam a tecer extensos pergaminhos de conhecimentos e tratados extraordinários sem ao menos resvalar de leve nos misteriosos caminhos Divinos.

Pensando nisso, para que possamos refletir sobre este assunto, retrato a seguir sob o olhar de diversos autores, definições e explicações desse mundo tão diverso e interessante, que procuram nos trazer entendimento e até conceituação dos atributos dos Orixás.

É necessário, para correta interpretação dos textos, nos despojarmos de todo e qualquer conceito estabelecido em nossas mentes, seja religioso ou científico, sob pena de julgamentos precipitados que certamente nos levarão ao descrédito dos fundamentos expostos.

Livro - Umbanda Sagrada, Religião, Ciência, Magia e Mistérios – Rubens Saraceni.
Livro - As Sete Linhas de Umbanda – A religião dos Mistérios – Rubens Saraceni.

“Orixás são as divindades de Deus que concretizam sua criação e, dão sustentação a ela o tempo todo, pois são, em si, os processos criadores de Deus”.

  • Oxum não é as pedras minerais. Mas estas são a concretização de um atributo exclusivo dele: a agregação dos outros elementos.
  • Yemanjá não é a água. Mas esta é a concretização de um atributo exclusivo dela: desencadear os processos genéticos ou geradores.
  • Assim todos os outros Orixás da umbanda.
Nem índios nativos nem os povos africanos adoravam a natureza em si, mas sim as potências associadas aos muitos aspectos desta natureza viva e capaz de alimentá-los ou de castigá-los com inclemência caso lhes fugisse do controle.

Nos trás Saraceni o seguinte:

Orixás Ancestrais (Telas Mentais Divinas) – Divindades por onde Olorum flui o tempo todo e durante todo o tempo, manifestando-se a todos e em todos os níveis, por inteiro e em todos os sentidos.
Orixás Naturais – Regentes das dimensões onde a vida se processa em nível original. Puros e unielementais.

  • Oxum é a regente natural do amor (concepção).
  • Yemanjá é a regente natural da geração (maternidade).
Orixás Dimensionais (Regentes de Dimensões) – Desdobramentos ou amalgamações energéticas dos Orixás Naturais.

Orixás Encantados (Regentes de Reinos Naturais) – Divindades assentadas em reinos naturais que sustentam vibratoriamente, milhões de seres chamados de “encantados” da natureza.

Orixás Mistos ou Polielementais (Regentes dos Níveis Vibratórios) – Atuam no sentido de atraírem os seres naturais ou “encantados” afins e repelirem os não-afins.

Orixás Auxiliares ou Regentes de Subníveis Vibratórios – Têm como função intervir quando desvios acontecem nos subníveis evolutivos, ou então ocorrem desequilíbrios energo-magnéticos.

Livro - A Missão da Umbanda - Ramatís / Norberto Peixoto.

Existem vários padrões vibratórios que envolvem nosso orbe e o Cosmo; os Orixás atuam em faixas de frequência vibratória que se interpenetram. Essas forças divinas, subatômicas, são “acondicionadas” em várias combinações, em ritmos peculiares, ocasionadas por seus próprios movimentos, traduzindo a imensidão cósmica do Incriado, em maior ou menor amplitude de ondas, em maior ou menor grau de densidade. No Universo, tudo é energia em diferentes estágios de condensação.

O que mais se aproxima do vosso entendimento é que os Orixás são emanações oriundas do Divino, expressas desde as dimensões imateriais sem forma até os mundos manifestados na forma (astral, etérico, físico) em planos de vida distintos, de faixas vibratórias específicas. O que mantém a harmonia universal são os Orixás, vibrações cósmicas conhecidas milenarmente pelas religiões e filosofias orientais e que agora estão sendo elucidadas com maior clareza para o Ocidente.

Toda a condensação de energia movimentada no Cosmo tem, inicialmente, a atuação de uma mente poderosa, seja um ser angélico, um engenheiro sideral, um arcanjo, seja um mentor ascencionado, consciências estas individualizadas de alta estirpe evolutiva que atuam como “Orixás maiores”. Mas tudo no Cosmo parte de uma força maior, abstrata, sem forma e manifestação, que nunca teve ou terá individualização, sendo única e inigualável, mantendo a própria coesão energética do Universo manifestado nas formas, desde os planos superiores, menos condensados e rarefeitos, até o Astral mais inferior, condensado e denso; repercute vibratoriamente em vós, como se o plano material fosse um gigantesco mata-borrão: nas matas, nas cachoeiras, nos mares, no ar, no fogo, na terra, nos homens, animais, todos como variações de energias espirituais pulsantes em vida infinita, alimentadas pelo Eterno. Os poderes volitivos dos Orixás são a origem de todo o processo de agregação de energia, formadores de todas as dimensões do Cosmo imensurável.

Livro - Umbanda Pé no Chão - Ramatís / Norberto Peixoto.

Os Orixás são aspectos da Divindade, altas vibrações cósmicas que se rebaixam até nós, propiciando a apresentação da vida em todo o Universo.

Cada um dos Orixás tem peculiaridades e correspondências próprias na Terra: cor, som, mineral, planeta regente, elemento, signo zodiacal, essências, ervas, entre outras afinidades astro-magnéticas que fundamentam a magia na Umbanda por linha vibratória.

Encontraremos nos sítios vibracionais dos Orixás sempre três reinos: animal, vegetal e mineral.

Os sítios vibracionais principais são: mar, praia, rio, cachoeira, montanha, pedreira e mata, os quais descrevemos a seguir:

Mar: tudo no mar é movimento. Seu incessante vai e vem é a própria pulsação da vida, com sua expansão e contração, cheia e vazante, levando tudo o que é negativo, transformando-o e devolvendo convertido em positivo. Seu próprio som expressa essa possante e magnífica transformação.

Praia: tem praticamente a mesma composição do mar, sendo condensadora, plasmadora, fertilizante e propiciatória. Faz um potente equilíbrio elétrico, desimpregnando, descarregando excessos e promovendo o equilíbrio da energia interna do indivíduo.

Rio: condutor, fluente, sem ser condensador, faz as energias fluírem e também vitaliza. É muito importante numa purificação astro-física do indivíduo e na eliminação de cargas negativas.

Cachoeira: encontramos elementos coesivos das pedras (mineral) e água potencializada na queda da cachoeira, que produzem ou conduzem várias formas de energia. Como as águas fluem num só sentido, purificam, descarregam, vitalizam, equilibram e fortalecem o indivíduo como um todo (no físico-elétrico).

Pedreira: reestrutura a forma, regenera, fixa, condensa, plasma e dá resistência mental, astral e física ao indivíduo.

Mata: condensa prana (energia vital), restabelece a fisiologia orgânica, principalmente a psíquica, fortalece a aura, o campo astral, o eletromagnetismo, a saúde, o mediunismo, plasmando forças sutis.

Montanha: mesmo procedimento anterior, havendo predominância dos elementos eólicos.

Livro - Mediunidade e Sacerdócio – Vovó Maria Conga e Ramatís / Norberto Peixoto.

A palavra “Orixá”, em seus aspectos básicos de interpretação, quer dizer: ”luz do senhor”, “mensageiro”, “força de cabeça”. “Ori” significa “cabeça”, elemento primaz para o pensamento contínuo, o discernimento e o poder criativo da mente. “Xá” é força característica, essência divina. Trata-se de uma corruptela de “Purushá”, senhor da força sutil, regente da natureza, manifestação diferenciada das qualidades e fatores de Deus. O Orixá de cada individualidade não tem a ver com uma entidade extracorpórea, mas com uma essência primordial e básica, energética e vibratória, que influencia o modo de ser e o destino de cada espírito, seja encarnado ou desencarnado, demarcando profundamente a mônada (centro vibrado do espírito) do ente individualizado.

Não há como falar em Orixá sem citar os mitos. Os cultos da matriz africana foram disseminados no Brasil pelos descendentes dos escravos que para cá vieram. Longe de suas terras de origem e separados de suas famílias, os negros escravos mantiveram na fé a única maneira de sobreviver diante da ignomínia e dos maus tratos que receberam. No interior das senzalas insípidas, entre amores, traições, assassinatos e contendas, preservaram as histórias ancestrais que personificam os Orixás como homens e mulheres.

Através das figuras humanas e historietas romanceadas mantidas pela oralidade, de geração a geração, foram preservados os conhecimentos das essências ou fatores divinos da cosmogonia religiosa, preponderantemente a yorubá. Com as lendas e antropomorfismo de cada Orixá (fator divino), eles são interpretados como humanos com poderes sobrenaturais para exercerem o domínio sobre um reino da natureza. Pela representação simbólica de seus aspectos comportamentais, com atributos de divindade materializados numa personalidade, aproxima-se o intangível sacralizado do tangível profano. O sagrado passou a fazer parte da manifestação das almas encarnadas e o próprio corpo o receptáculo, através do transe ritualístico.

Livro - Evolução no Planeta Azul – Vovó Maria Conga / Norberto Peixoto.

Orixás são vibrações cósmicas. As forças sutis que propiciam a manifestação da vida em todo o Universo têm a influência dos Orixás, como se fosse o próprio hálito de Deus. Por isso se diz que a própria natureza manifesta na Terra, por intermédio dos elementos do fogo, da água, da terra e do ar, é a concretização das vibrações dos Orixás aos homens, embora não seja em si essas energias, mas emanada deles, dos Orixás. É preciso compreender que existem vários planos vibratórios no Cosmo, e que Deus, em sua benevolência e infinito amor, em todos se manifesta pelas vibrações próprias a cada dimensão. É como se os Orixás fossem regentes ou senhores das energias em cada Universo dimensional manifestado, mas não as próprias energias.

Neste momento, almejamos trazer esclarecimentos os mais simples possíveis, já que o entendimento dos filhos não dá saltos. É por causa do misterioso, do “inatingível” para a maioria, que se criaram tantas desavenças e discórdias na história espiritual e religiosa dos homens. Respeitamos todas as formas de entendimento disponíveis sobre os Orixás, mas não podemos concordar com as personalidades agressivas, volúveis, sensuais, vingativas, e as histórias humanas de paixão e dor, tragédias e desavenças, de assassinatos e traições, que foram utilizadas pela tradição oral de transmissão de conhecimento dos cultos africanos mais remotos, e que para muitos definem o que sejam os Orixás até os dias atuais (*). Sabemos que existem traços comportamentais e psíquicos em comum que se formaram ao longo do tempo no inconsciente dos homens, e manifestas na vida humana, pois em todos os filhos estão as potencialidades dos Orixás, e em todos os planos de vida do Criador, já que nos é destinado o retorno a esse Todo, pois somos unidades provindas desse manancial absoluto no Universo, que é Deus.

(*) – Os grandes princípios cósmicos, que também se acham presentes no psiquismo humano, foram didaticamente simbolizados, na Antiguidade, nos deuses mitológicos. Nesse sentido, a mitologia grega é incomparável: seus deuses são personificações perfeitas dessas forças macrocósmicas (Orixás) e da alma humana, onde se refletem.
Exemplo: o princípio da ação, da luta, que tanto materializa Universo, como incita o homem à luta pela sobrevivência, pela evolução e finalmente pela libertação das formas, foi personificado em ARES (Marte) – Não Áries, o carneiro -, o deus da guerra. É o mesmo arquétipo de OGUM. E assim sucessivamente com todos os Orixás, para que consigamos entender essas vibrações cósmicas no nosso Universo manifestado.
Nos cultos populares, retomou-se essa personificação, e a simplicidade da mente popular os dotou de histórias, emoções, paixões e rivalidades. Tomando ao pé da letra a forma pelo conteúdo – exatamente como fazia a mentalidade do povo da Grécia antiga, em Roma, no Egito, e pelo mundo afora.



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