sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Ciúme Destruidor

A vida corria sem atropelos para Rui e Andréia.
Rui representante de uma grande indústria farmacêutica localizada na cidade de São Paulo e Andréia professora concursada, lecionava em escola pública estadual.
Haviam resolvido que filhos somente após estabilidade financeira.
Andréia seguia uma rotina até certo ponto entediante, porém as vantagens de ser concursada lhe garantia uma vida confortável e sem sobressaltos.
Rui, devido sua profissão, muito viajava e se ausentava por dois ou três dias da semana em viagens ao interior do estado.
Isto começou a interferir no emocional de Andréia, não vigiando seus pensamentos chegou mesmo a desconfiar das atitudes e das viagens do marido.
Começou a desconfiar de Rui, seu marido, pensando que havia se interessado por outra mulher.
Andréia olhava para ele e se sentia traída. Toda vez que Rui chegava em horário mais adiantado, mesmo que dissesse que fora o trânsito complicado ou uma reunião de última hora, ela pensava: Demorou por causa da outra. Devem ter se encontrado hoje. Por isso se atrasou.
Infelizmente a paz tão desejada ficou comprometida. Ele chegava cansado, e ela deixando-se levar pelo mal-humor procurava todos os motivos para reclamar.
Por vezes, ela surpreendia Rui um tanto dispersivo. Pensamento distante. Era o suficiente para pensar consigo mesma: Olhe só como está pensativo! Aposto que está pensando nela.
Finalmente, um dia, ela resolveu tirar tudo a limpo e surpreendê-lo.
Aguardou a oportunidade no dia em que Rui estava na cidade e esperou-o na saída do trabalho. Ele pegou o carro, andou algumas quadras e adentrou o shopping. Ela o viu quando ele escolheu uma pequena joia na joalheria onde mesmo haviam adquirido as alianças do casamento. Pronto foi a conta...
Mau caráter pensou ela. Gastando com outra.
Aquilo a deixou de tal forma desconcertada, que começou a chorar. Foi para casa e se jogou na cama.
Chorou muito.
Pouco depois, ela ouviu a porta abrir e seu marido chegar. Escutou os passos dele na escada, subindo até o quarto do casal, onde ela estava.
Mal o viu adentrar o quarto, ela se sentou na cama, os olhos vermelhos de chorar, os cabelos em desalinho e desabafou:
Eu vi tudo. Você não pode negar. Comprou uma joia para ela e logo na mesma joalheria de nossas alianças! Você me traiu. Traiu o nosso amor.
Alterada, ela se levantou e avançou na direção dele. Para sua surpresa, verificou que ele trazia em sua mão uma caixinha com o logotipo da referida joalheria.
Um pouco chateado, ofertando o presente a ela, ele falou:
Andréia, hoje é dia do nosso aniversário de casamento. Você não lembrou?

*   *   *
O ciúme desperta o que há de pior de nós e cria quadros exagerados, fomentando desconfiança. Atestado de insegurança destrói o relacionamento pelo clima de tensão que cria a todo o momento.
Cultivador da infelicidade, o ciúme altera a correta visão dos fatos, aumentando a importância de pequenos atrasos, desejos não atendidos, esquecimentos de datas e compromissos a dois.
Criando azedume, envenena a alma e desassossega o pensamento.
Colocando óculos escuros na visão mental, tudo faz parecer sombrio, devastador.
Uma distração é tida à conta de desinteresse. O atraso para um encontro é considerado desrespeito.
Fora da realidade sempre, o ciúme provoca cenas desastrosas e desgastantes, em situações onde uma leve indagação ou uma conversa a dois, com toda a certeza, resolveria.
*   *   *
Nunca deixemos que o ciúme nos atormente. Ele é o responsável pela devastação de corações e de lares.
Se nos sentimos inseguros, fortifiquemos a relação a dois com diálogos mais profundos, com saídas para um passeio ao luar ou um final de semana a sós.
Se o outro estiver, verdadeiramente, permitindo que a relação esfrie, que o amor amorne, providenciemos o melhor para o estreitamento dos laços afetivos, guardando a certeza de que é nos pequenos gestos que a relação se fortalece.
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Com base no capítulo 48 do livro
“Para que minha vida se transforme”
de Maria Salete e Wilma Ruggeri – Editora Verus. 





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