A vida corria sem atropelos para Rui e
Andréia.
Rui representante de uma grande indústria
farmacêutica localizada na cidade de São Paulo e Andréia professora concursada,
lecionava em escola pública estadual.
Haviam resolvido que filhos somente após
estabilidade financeira.
Andréia seguia uma rotina até certo ponto
entediante, porém as vantagens de ser concursada lhe garantia uma vida
confortável e sem sobressaltos.
Rui, devido sua profissão, muito viajava e se
ausentava por dois ou três dias da semana em viagens ao interior do estado.
Isto começou a interferir no emocional de
Andréia, não vigiando seus pensamentos chegou mesmo a desconfiar das atitudes e
das viagens do marido.
Começou a desconfiar de Rui, seu marido, pensando
que havia se interessado por outra mulher.
Andréia olhava para
ele e se sentia traída. Toda vez que Rui chegava em horário mais adiantado,
mesmo que dissesse que fora o trânsito complicado ou uma reunião de última
hora, ela pensava: Demorou por causa da outra. Devem ter
se encontrado hoje. Por isso se atrasou.
Infelizmente a paz tão desejada ficou
comprometida. Ele chegava cansado, e ela deixando-se levar pelo mal-humor procurava
todos os motivos para reclamar.
Por vezes, ela
surpreendia Rui um tanto dispersivo. Pensamento distante. Era o suficiente para
pensar consigo mesma: Olhe só como está pensativo! Aposto
que está pensando nela.
Finalmente, um dia, ela resolveu tirar tudo a
limpo e surpreendê-lo.
Aguardou a oportunidade no dia em que Rui
estava na cidade e esperou-o na saída do trabalho. Ele pegou o carro, andou
algumas quadras e adentrou o shopping. Ela o viu quando ele escolheu uma
pequena joia na joalheria onde mesmo haviam adquirido as alianças do casamento.
Pronto foi a conta...
Mau caráter pensou ela. Gastando
com outra.
Aquilo a deixou de tal forma desconcertada,
que começou a chorar. Foi para casa e se jogou na cama.
Chorou muito.
Pouco depois, ela ouviu a porta abrir e seu
marido chegar. Escutou os passos dele na escada, subindo até o quarto do casal,
onde ela estava.
Mal o viu adentrar o quarto, ela se sentou na
cama, os olhos vermelhos de chorar, os cabelos em desalinho e desabafou:
Eu vi tudo. Você não
pode negar. Comprou uma joia para ela e logo na mesma joalheria de nossas
alianças! Você me traiu. Traiu o nosso amor.
Alterada, ela se levantou e avançou na
direção dele. Para sua surpresa, verificou que ele trazia em sua mão uma
caixinha com o logotipo da referida joalheria.
Um pouco chateado, ofertando o presente a
ela, ele falou:
Andréia, hoje é dia do
nosso aniversário de casamento. Você não lembrou?
* * *
O ciúme desperta o que há de pior de nós e cria
quadros exagerados, fomentando desconfiança. Atestado de insegurança destrói o
relacionamento pelo clima de tensão que cria a todo o momento.
Cultivador da infelicidade, o ciúme altera a
correta visão dos fatos, aumentando a importância de pequenos atrasos, desejos
não atendidos, esquecimentos de datas e compromissos a dois.
Criando azedume, envenena a alma e
desassossega o pensamento.
Colocando óculos escuros na visão mental,
tudo faz parecer sombrio, devastador.
Uma distração é tida à conta de desinteresse.
O atraso para um encontro é considerado desrespeito.
Fora da realidade sempre, o ciúme provoca
cenas desastrosas e desgastantes, em situações onde uma leve indagação ou uma
conversa a dois, com toda a certeza, resolveria.
*
* *
Nunca deixemos que o ciúme nos atormente. Ele
é o responsável pela devastação de corações e de lares.
Se nos sentimos inseguros, fortifiquemos a
relação a dois com diálogos mais profundos, com saídas para um passeio ao luar
ou um final de semana a sós.
Se o outro estiver, verdadeiramente,
permitindo que a relação esfrie, que o amor amorne, providenciemos o melhor
para o estreitamento dos laços afetivos, guardando a certeza de que é nos
pequenos gestos que a relação se fortalece.
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Com base no capítulo 48 do livro
“Para que minha vida se transforme”
de Maria Salete e Wilma Ruggeri – Editora Verus.