Entrevista com Jomar Morais –
Jornalista – Programa Caminhos de Luz.
Não há incompatibilidade entre
Meditação e espiritismo.
Meditação: É uma técnica
de aquietação e centramento da mente. Pode ser aplicada em todas as situações da vida. A prática da
meditação permite aprofundar a vivência da religião e da filosofia de vida,
escolhidas. Trás clareza de visão, centramento, equilíbrio psicológico
emocional e equilíbrio espiritual.
No tempo de Alan Kardec a
meditação era praticada em mosteiros e não aparece na codificação.
As questões 913 a 919 do Livro
dos Espíritos trazem esclarecimentos a respeito do egoísmo, o vício raiz do dia
a dia - Esclarecimentos de Fénelon e Santo Agostinho.
O que é necessário para que
superemos a questão do egoísmo?
Trazendo um ensinamento que
Sócrates aprendeu no Oráculo (onde as pessoas iam buscar saber o futuro),
Templo de Apolo em Delfos – “Homem conhece-te a ti mesmo” – Autoconhecimento.
Santo Agostinho propõe uma
prática que podemos dizer ser a prática da meditação.
“No final do dia fazer um exame
de consciência, observar todos os atos do dia”.
Meditação formal – Hoje que vem
dos sábios do passado. Tentamos observar o “Aqui e agora” – Centramento da
mente – Autoconhecimento.
Meditação: Prática de
controle mental. Aquietação mental e centramento mental.
Nossa mente é irrequieta por
natureza e produz constantemente macaquinhos que nos puxam para o presente ou
para o passado.
Quanto se tem excesso de
pensamentos de passado – Angústia, tristeza.
Quanto se tem excesso de
pensamentos de futuro – Ansiedade – Projeção.
Nossos pensamentos nos puxam para
o passado ou para o futuro e não nos deixam ficar no presente.
A mente foge do presente. E o
presente é aquilo que é – A VIDA.
Não se pode realizar nada se
estivermos no passado o no futuro e a VIDA REAL é o “AQUI E AGORA”.
A prática da meditação visa fazer
com que a mente não se distraia com os macaquinhos que puxam nossos pensamentos
para o passado ou para o futuro – Centra no presente. Esteja integralmente onde
você está.
Faça integralmente aquilo que
está fazendo, com atenção plena e com a mente alerta. Num estado de mente
alerta e atenção plena não existe ansiedade e nem angústia – “EXISTE
SERENIDADE”.
A meditação é uma técnica que
visa alcançar esta meta – A qualidade de vida melhora consideravelmente por que
você está em equilíbrio, em perfeito equilíbrio e tem condições de observar
sem julgar.
O que torna a prática da
meditação mais difícil para os adultos são os nossos hábitos e
condicionamentos. A prática da meditação leva a nos descondicionarmos.
O objetivo final da meditação é
ficar com a mente alerta 24 horas por dia.
Deixar pleno – Vivendo o aqui
e agora, vivendo a plenitude da vida, com perfeita clareza, com perfeita
consciência, com possibilidade de observação, de não ser distraído por
pensamentos que nos leva para o passado e para o futuro que nos levam
constantemente a julgar, a rotular e ficar etiquetando os eventos. Isso faz com
que não fiquemos abertos para o movimento da vida, para o novo.
Estamos sempre presos aos
conhecimentos e às fixações que ajudam a mente a ficar nesse movimento
repetitivo. A Meditação rompe com tudo isso.
Meditação é simples e vai nos
trazer a simplicidade e naturalidade da vida, aquela que temos ao nascer.
Respiração - A aculturação
e a educação nos torna contidos. A respiração que era abundante e natural passa
a ser estrita. Passamos a respirar somente do diafragma para cima. Tensões,
estresse do dia a dia faz com que aprisionemos a respiração. A prática da
meditação vai romper com tudo isso. Leva de volta no tocante à respiração
àquela naturalidade e simplicidade e estarmos perfeitamente prontos para
observar a vida.
A Meditação faz parte da tradição
cristã.
A meditação surgiu com os
eremitas orientais. Dentro da cultura Védica (*), muitas pessoas se dirigiam às
florestas e ficavam ali em estado de aquietamento da mente, concentradas até
surgir os “insights” – Iluminação.
Outras culturas – Judaica – Jesus
passou 40 dias e 40 noites meditando e orando no monte.
Meditar é silenciar. É fazer o
caminho interno. É impossível encontrar a paz, felicidade e equilíbrio fora de
si. O que buscamos está dentro de nós. O caminho da iluminação é o caminho
interno. Na verdade já estamos no lugar que queremos estar. Não conseguimos ver
devido ao transtorno natural da mente. A meditação vai fazer com que consigamos
ficar nesse ponto onde já estamos. Ganhamos consciência, clareza de visão no
ponto onde já estamos.
A meditação é compatível e
necessária ma vida atual de desconexão espiritual.
As pessoas estão escravizadas ao
tempo, aos compromissos, ao ter, à acumulação – nada disso resolve nossa
questão existencial.
Após adquirir tudo o que se
queria, somos lançados ao vazio existencial. O que necessitamos está dentro de
nós.
A solução existencial,
espiritual, está dentro de nós.
A meditação quebra esses
condicionamentos, essas fixações.
Benefícios da meditação
Todos os estudos efetuados por 60
anos atestam efeitos positivos sobre a vida psicológica e sobre o corpo do
indivíduo.
Meditação é exatamente você
tirar de você mesmo a expectativa. Ficar no presente. Não é avaliação.
Notório e comprovado que a
meditação equilibra o corpo e a mente:
- Regula a produção de adrenalina e cortisol.
- Elimina os focos de medo e
tensão.
- Estimula a produção no cérebro
de neurotransmissores como a serotonina – substância essencial para o
equilíbrio emocional. Regula o sono e nos deixa alerta.
- Estimula a produção de
endorfinas que nos trazem sensação agradável, leveza, anestésica (doenças
dolorosas).
*.*.*
Centro de estudos que onde se
estuda os pontos comuns das diferentes tradições religiosas – Deus,
Impermanência do ser, Permanência da vida, Amor, Justiça, etc.
Melhor ponto de apoio da
meditação é a respiração.
Anotações do blog:
(*) – Vedas
Escrituras sagradas ligadas à
religião hindu.
Espinha dorsal de toda a cultura
hindu, também chamada de tradição védica.
É a visão que permeia todos os
braços do conhecimento e as práticas religiosas da Índia, que devido a sua
ancestralidade influenciaram muitas das outras culturas presentes hoje.
Os Vedas através de seus versos,
que são chamados de mantras, estão por detrás de muitas práticas religiosas e
espirituais.
Há cerca de 3.500 anos, as
comunidades da região do vale do Indo, atual norte da Índia, começaram a organizar
um dos sistemas religiosos mais antigos de que temos notícia: o Hinduísmo. Suas
crenças foram transmitidas oralmente de geração em geração por muitos séculos
até serem transcritas nos Vedas, compilação de hinos e preces considerada como
o primeiro livro sagrado da história.
Os historiadores estimam que os
quatro (4) Vedas – Rigveda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda – teriam sedo
compilados entre 1.500 a 900 a.C. e que a primeira versão em papel seja do
século 2 a.C.
Por envolverem intrincados rituais
que não são mais seguidos e essas quatro escrituras não são úteis atualmente.
O que nos trás o Budismo?
No livro “Budismo – Claro e
Simples, como estar sempre atento neste exato momento, todos os dias” de
autoria de Steve Hagen encontramos algumas afirmações bastante esclarecedoras a
respeito de como devemos observar a realidade.
“Passamos pelo mundo numa trilha estreita, preocupados com coisas
insignificantes que vemos e ouvimos, remoendo nossos preconceitos, passando
pelas alegrias da vida sem sequer saber que perdemos algo. Nunca por um momento
provamos do vinho estonteante da liberdade. Estamos verdadeiramente presos,
como se estivéssemos no fundo de um calabouço, atados a cadeias.” – Yang Chu,
filósofo chinês, século IV a.C..
Há um modo de ir além dessa
ignorância, pessimismo e confusão, e ter a experiência da Realidade como um
Todo – em vez de compreendê-la. Essa experiência não está baseada em nenhuma
concepção ou crença; é a própria percepção direta. É ver antes que os sinais apareçam, as ideias surjam, antes que se
caia no pensamento.
“O ponto central do Budismo é apenas ver. Isso é tudo.”
O que propõe o Buda-Dharma –
Doutrina dos Despertos?
As quatro verdades:
1ª – A vida humana é
caracterizada pela insatisfação. É imperativo reconhecer que nossa insatisfação
se origina em nós. Ela está bem aqui conosco. Ela surge de nossa própria
ignorância, de nossa cegueira quanto a qual é a nossa situação de fato, de
nosso desejo de que a Realidade seja algo que ela não é. O Buda-dharma
baseia-se na Realidade. Ele não é fantasia, nem pensamento veleitário, nem uma
negação do que a vida humana é.
2ª – A insatisfação nasce em nós.
3ª – Podemos compreender a origem
de nossa insatisfação, e podemos, assim, pôr um ponto final às suas formas mais
profundas e existenciais.
4ª – O Buda-dharma nos oferece um
meio de ter justamente a experiência dessa compreensão, chamada, às vezes de nirvana ou iluminação, ou simplesmente a
liberdade da mente.
No Budismo a jornada é para o que
está aqui e agora, despertar para o aqui e agora, para estarmos totalmente
vivos, estar de todo presente. E como fazemos isso?
Para se ter a resposta temos que
compreender três coisas. Em primeiro lugar, devemos compreender verdadeiramente
que a vida é passageira – Impermanência do Ser. Em seguida, devemos entender
que já somos completos, dignos e íntegros. Finalmente, devemos ver que somos nosso próprio refúgio,
santuário e salvação.
Voltando ao nosso assunto, o
aspecto final do caminho óctuplo é a meditação
correta ou concentração correta.
A meditação correta reúne a mente
para que ela se volte para um foco, concentrada e alerta.
Meditação correta é simplesmente continuar com a nossa experiência
imediata a cada momento: Na meditação que se faz sentado, o foco da nossa
atividade envolve o mínimo possível – apenas o corpo, a mente e a respiração.
“Para a meditação, é adequado um
quarto silencioso. Coma e beba moderadamente. Deixe de lado todos os
envolvimentos e interrompa todos os afazeres. Não julgue o bom ou mo mau. Não
pronuncie prós ou contras. Interrompa todos os movimentos da mente consciente,
a avaliação de todos os pensamentos e visões. Não faça planos de se tornar um
Buda. A meditação nãotem nenhuma relação com sentar-se ou deitar-se. No local
em que você se senta regularmente, espalhe colchonetes e coloque uma almofada
em cima. Sente-se de pernas cruzadas, com os joelhos apoiados diretamente sobre
o colchonete. Você deve afrouxar suas roupas e cinto, deixando-os em condição
adequada. Em seguida, coloque a mão direita sobre sua perna esquerda e deixe a
palma da mão esquerda voltada para cima e sobre a palma da mão direita, com as
pontas dos polegares se tocando. Assim, sente-se verticalmente numa postura corporal
correta, não inclinando nem para a esquerda nem para a direita, nem para a frente
nem para trás. Certifique-se de que suas orelhas estejam alinhadas com o seus ombros
e de que seu nariz esteja na mesma direção do seu umbigo. Coloque a língua na parte
frontal do céu da boca, com os dentes e os lábios fechados. Seus olhos devem permanecer
sempre abertos, e você deve respirar suavemente pelo nariz. Uma vez ajustada a sua
postura, respire fundo, inspire e expire, movimente o corpo para a direita e para
a esquerda e sente-se numa posição cômoda e imóvel.”
Note-se que se trata exclusivamente de uma ferramenta para facilitar nossa interiorização e capacidade de ver clara e efetivamente a Realidade.
No Budismo não há o positivismo da moral Cristã, pois Buda viveu 500 anos antes do nascimento de Jesus.