sábado, 3 de julho de 2021

Contigo Mesmo – Estudo - Renovando Atitudes Hammed – Psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto

 

“O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos.” (Cap. XVII, item 7 - ESE).

Como decifrar o dever? De que maneira observar o dever íntimo impresso na consciência, diante de tantos deveres sociais, profissionais e afetivos que muitas vezes nos impõem caminhos divergentes? (Demanda reflexão e amadurecimento)

Efetivamente, nasceste e cresceste apenas para seres único no mundo. Em toda parte não existe ninguém igual a tua maneira de ser, portanto não podes perder de vista essa verdade, para encontrares o dever que te compete perante a vida.

Teu primordial compromisso é contigo mesmo, e tua tarefa mais importante na Terra, para a qual estás unicamente preparado, é desenvolver tua individualidade no transcorrer de tua longa jornada evolutiva.

Preocupar-te com os deveres alheios é distrair-te de tuas próprias responsabilidades, pois não concretizas teus ideais nem deixais que os outros cumpram suas obrigações (compromissos, encargos, incumbências) pessoais. Não nos referimos aqui à ajuda real que é sempre importante, mas sim à intromissão nas competências (aptidões, capacidades, habilidades, perícias, dons, destrezas) dos outros, impedindo que as criaturas adquiram autonomia e vida própria.

Assumir deveres (obrigações) dos outros é sabotar os relacionamentos que poderiam ser prósperos e duradouros. Por não compreenderes bem o teu interior, é que te comparas aos outros, esquecendo que nenhum de nós está predestinado a receber, ao mesmo tempo, os mesmos ensinamentos e fazer as mesmas coisas, pois existem inúmeras formas de viver e evoluir. Lembra-te de que deverias importar-te somente com a tua maneira de ser.

Não podemos nos esquecer de que aquele que se compara acaba se sentido elevado ou rebaixado. Nunca se dá o devido valor e nunca percebe corretamente como se é.

Teus empenhos (esforços, interesses) íntimos (particulares) deverão ser voltados unicamente para a tua pessoa, e nunca deverás acomodar pontos de vista diversos, porque, além de te perderes, não ajustarás os limites onde começa a ameaça à tua felicidade, ou à felicidade do teu próximo. (O que tenho dentro de mim, meu cerne, minha individualidade, foi construído de forma particular e íntima em múltiplas encarnações, agregando valores muito particulares ao meu espírito, e a cada nova encarnação me serve de guia para novas experimentações e aquisições).

Muitos acreditam que seus deveres são de corrigenda e repressão às atitudes alheias, vivem em constantes flutuações existenciais por não saberem esperar o fluxo de a vida agir naturalmente, asseverando sempre que suas obrigações são em “nome da salvação” e, desta forma, controlam e forçam as coisas a acontecerem quando e como querem.

Dizem: - “Fazemos isso porque só estamos tentando ajudar”. Forçam eventos, escrevem roteiros, fazem o que for necessário para garantir que os atores e as cenas tenham o desempenho e o desenlace que determinaram e acreditam, insistentemente, que seu dever é salvar almas, não percebendo que só podem salvar realmente a si mesmos.

Nosso dever é redescobrir o que é verdadeiro para nós. Não é esconder nossos sentimentos de qualquer pessoa ou de nós mesmos, mas sim ter a liberdade e segurança em nossas relações pessoais, para decidirmos seguir na direção que nós mesmos escolhermos. Não “devemos” ser o que nossos pais ou a sociedade querem nos impor ou definir como melhor. Precisamos compreender que nossos objetivos e finalidade de vida têm valor unicamente para nós; os dos outros, particularmente para eles. (Neste caso, creio que o autor esteja se referindo aos adultos e não às crianças que, evidentemente, necessitam de auxílio e direção).

Obrigação pode ser conceituada como sendo o que deveríamos fazer para agradar as pessoas, ou para nos enquadrar no que elas esperam de nós, entretanto, o dever é um processo de auscultar (procurar saber, inquirir; investigar) a nós mesmos, descortinando nossa estrada interior, para logo após, materializá-la num processo lento e constante.

Ao decifrar (entender, decodificar, desenredar, desembaralhar, desembaraçar) nosso real dever, uma sensação de autorrealização toma conta de nossa atmosfera espiritual, e passamos a apreciar os verdadeiros e fundamentais valores da vida, associados a um prazer inexplicável. (Neste ponto, estaremos assumindo nosso verdadeiro eu íntimo, o eu individual).

Lembremo-nos da afirmação do espírito Lázaro em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida”.

Em resumo, penso que tenho a obrigação de estancar minhas vontades de dominação do outro e deixá-lo buscar seus próprios caminhos. Não posso constranger as iniciativas do outro e, devo se for o caso, observar seu desenvolvimento intelectual, moral, conceitual e espiritual, sem, no entanto, colocando diretrizes infundadas e sem cabimento. Notoriamente somos especialistas em carimbar o outro com as nossas percepções da vida e da realidade.

Não há o certo e o errado. O que há são nossas características próprias guiando nossas atitudes, pensamentos e obras, assim como não há pecado e sim comportamentos inadequados à espera de nosso amadurecimento para repará-los dentro das perspectivas de nosso desenvolvimento espiritual na atualidade.

Eu acredito que os bons exemplos ainda são a melhor forma de demonstrar os reais valores que devem nortear nossas vidas. E é interessante notar que, aqueles que estão em um nível de desenvolvimento espiritual à altura do observado, se harmonizam vibratóriamente com ele e, sem o perceberem, auferem novos conceitos, ideias e juízos.

 

Observações do autor do estudo em Segoe Print

 

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