quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sua casa interior...

Quando estamos para receber um convidado em nossa casa, a preparamos com esmero e efetuamos limpeza minuciosa para que tudo pareça em ordem e nada esteja fora do lugar.

E preparamos ao nosso modo, pois é assim que sempre o fizemos e naturalmente acostumados com o nosso próprio mundo.

Quando as visitas chegam, como de costume agradecemos e esperamos elogios ao nosso império particular.
Por que não agimos da mesma forma com a nossa casa interior? Aquela que dá guarida ao nosso espírito imortal?

Somos tão displicentes quando se trata de arrumar os nossos sentimentos, guardar nossas mágoas, distribuir agradecimentos.

O tempo passa e desperdiçamos grandes oportunidades de assear nossos caminhos com a Luz saneadora de quaisquer doenças do espírito, a Luz de Jesus.

O tempo passa e os horizontes se alargam, porque a vida para nós tem um começo e não haverá fim.

O tempo passa e a vida aparece nos grandes e pequenos eventos da criação de Deus. Desde o cair de uma gotícula de chuva até a explosão de uma supernova. Basta olhar com os olhos que vêm.

Para sentir o grande e misterioso lago fecundo e infinito, da bondade de nosso criador, é necessário realizarmos uma limpeza na nossa casa interior.

Nosso convidado mais ilustre saberá sempre de nossas condições íntimas e, saberá desculpar-nos de nossas pequenas falhas individuais. Conhece nosso interior e reconhece serem passageiras.

O primeiro degrau é a vontade de querer modificar-se e de alguma forma alterar a visão do mundo que nos rodeia, alterar a compreensão do “existir”, do hoje para o sempre.

Façamos de nosso espírito um espelho plano, límpido, sem riscos ou manchas para que a imagem de Deus possa ser refletida de forma integral e verdadeira.

Pensemos nisso.





segunda-feira, 25 de maio de 2015

Convívio necessário...

Convívio necessário...

As relações entre as pessoas, com raras exceções, serão sempre direcionadas pelas dificuldades que ainda trazem na alma. E não poderiam ser diferentes.

Como somos seres em evolução, muito há que se construir nas conquistas emocionais para que o equilíbrio, a justiça e a retidão sejam as ferramentas no relacionamento humano.

Não é nada incomum encontrarmos indivíduos que, desgastados pelas lutas diárias, cansados das dificuldades de relacionamento, preferir viver isolados do mundo, sem a necessidade de suportar a uns e aguentar a outros.

O raciocínio se torna quase que natural, frente a tantos esforços que temos que empreender tanta paciência a exercitar, no trato com o semelhante.

E não são poucos aqueles que procuram se proteger do mundo. Seja buscando uma vida de eremita, fechando-se em seu lar ou isolando-se nessa ou naquela instituição. Esses buscam a paz que não encontravam nas relações sociais e familiares.

Muito embora assim o façam imbuídos, por vezes, das mais nobres intenções, esquecem-se de que, ao isolar-se, ao fugir da sociedade, ao fugir das relações familiares, perdem a grande chance do aprendizado da convivência.

Somente nos atritos que vivemos é que vamos encontrar a chance do amadurecimento das experiências, de crescer, de superar aos poucos os próprios limites de interação social.

Somos todos indivíduos criados para viver em conjunto e a vida solitária somente nos causaria graves sequelas à vida emocional e psicológica.

É na experiência de viver com os outros que a alma tem a possibilidade de conhecer diversas formas de aflições e exemplos inesquecíveis.

É natural que nossas relações não sejam sempre pautadas pela harmonia. São nossos valores íntimos que determinam os entrechoques que vivenciamos, ou os envolvimentos afetivos de qualidade, que usufruímos.

Como ainda não nos acostumamos a viver em estabilidade íntima por longos períodos de tempo, vez ou outra surgem dificuldades, problemas, indisposições variadas em nossos relacionamentos.

Pensando assim, pode-se concluir o quanto é desnecessário e improdutivo viver-se carregando no íntimo, mágoas e ressentimentos.

Ninguém há no planeta que não se aborreça quando recebe do outro o que não gostaria de receber. No entanto, não podemos esquecer que ninguém também pode afirmar que, com seu modo de falar, de ser e de agir, não cause aborrecimentos e mágoas a outras pessoas, ainda que involuntariamente.

Desta forma, cabe a cada um de nós, procurar resolver mal-entendidos, chateações e mágoas com os recursos disponíveis do diálogo, do entendimento, da desculpa e do perdão. Afinal, se outros nos magoam, de nossa parte também acabamos magoando a um e outro, algumas vezes.

Assim pensando, podemos concluir ser uma grande perda de tempo e um sofrimento dispensável o armazenamento de sentimentos como a mágoa ou a raiva no coração.

Há tanto a se realizar de bom e de útil a cada dia, e o tempo está tão apressado, que perde totalmente o sentido alimentarmos mágoas na alma, qualquer que seja a intensidade.

Pensemos nisso.

Adaptação do texto de a Redação do Momento Espírita,
com base no cap. 41, do livro Ações corajosas para viver em paz,
pelo Espírito Benedita Maria, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.





sábado, 16 de maio de 2015

Casar por Amor

Quando eu pensava que não podia ser mais feliz, manhã após manhã era mais, mas só um bocadinho mais do que o máximo humanamente possível.

Pensava eu, ser absolutamente impossível que eu fosse, de repente, muito mais feliz, do que a própria felicidade até.

Mas, de repente, fui. Muito mais.

Casei com o meu amor e o meu amor tornou-se a minha mulher, minha em tudo, para tudo, para sempre.

E eu, finalmente, consegui divorciar-me de mim e deixar de ser tão triste e aborrecidamente meu, trocando-me, no melhor negócio do século, por ela.

Ela ficou minha. Eu fiquei dela. É ou não é estranho e lindo e bem pensado por Deus Nosso Senhor que ambos pensemos que nos livramos de nós mesmos e ficamos a ganhar? É.

É sim. A minha mulher é mais minha do que eu alguma vez fui meu — e eu antes não podia ter sido mais para mim, felizmente. Por ter tudo agora para lhe dar. Que alívio. Nunca mais me quero ver na vida.

A não ser aos olhos dela, onde sou muito bem visto — talvez o maior homem que já viveu, logo a seguir ao pai dela, claro. É um milagre como melhorei tanto.

E paradoxalmente sem deixar de ser eu por causa disso. Ou mesmo que deixasse, com tal amor não tinha saudades nenhumas. 

Sou em termos estritamente matemáticos, amorosos e integrais, tanto mais dela como o todo absoluto que ela é e me deu. 

Afinal o casamento é a maior ajuda que se pode receber. Passa-se a pertencer.

E, em troca, passa-se a possuir. A pertencer e a possuir mesmo.

Fica-se, por troca, sossegadamente apropriado e violentamente proprietário.

Não me venham com modernismos de meia-tijela, liberalices sem fundamento humano, tretas de quem não ama de quem não aspira ser de outro, amado, que nos ama.

Casar é trocar.

Casar é trocar a liberdade pobre, que é a de cada um, pela posse rica, que é a de quem se quer. E casando se passa a ter, absolutamente, por vontade de quem se dá e de quem recebe. 

Casando por amor prescinde-se do nosso pior inimigo (nós próprios), entregando-o a quem sabe e gosta de aproveitá-lo, abusá-lo, tirar o maior prazer dele.

E recebe-se quem mais queremos, para dela fazermos o que queremos, que é tudo. Absolutamente tudo!

Adaptação de texto de Miguel Esteves Cardoso.


sábado, 2 de maio de 2015

Oportunidade...

Grande e poderoso homem habitava mansão pouco acima da elevação natural do lugar.

Aquele rio de largura considerável, porém raso, fundo pedregoso e águas ainda límpidas indicava parte da divisa da grande propriedade.

Considerado muito rígido e de postura enérgica, de pouca conversa e muito trabalho, vida simples e honesta, envelhecido prematuramente, apresentava acima de tudo uma educação refinada.

Belíssima paisagem dominava a propriedade onde carvalhos antigos e pinheiros libaneses emprestavam sentimentos bucólicos e solitários aos que lá conviviam.

Vezes sem fim, via-se sentado a beira daquele curso d’água a meditar e refletir.

Intrigava-o barquinhos de papel, dia ou outro, a correnteza levar. Pensava talvez alguma criança a se divertir.

Corria a vida entre compromissos junto aos negócios públicos, eventos e festas.

Certa vez, ocorreu-lhe verificar quem estaria a colocar os barquinhos na correnteza do rio há tanto tempo. Espantou-se de tal curiosidade infantil.

Chegou junto ao barranco e por detrás de espessa vegetação florida observou seu mais humilde trabalhador acompanhando atento o “barquinho” desaparecer na curva daquele manso curso de águas pouco turbulentas.

Assim fez por mais algum tempo sem interromper seu criado.
Os primeiros eram maiores, grosseiros e pouco elaborados, porém agora, pequenos e bem construídos.

Orlando que fazes? Com olhos assustados quase perdeu o equilíbrio de si mesmo.

Acompanho-te há algum tempo lançar teus brinquedos. Algum motivo especial?

“Para cada equívoco meu senhor, venho até esta corrente de água para, através destes barquinhos, levá-los para sempre e nunca mais repeti-los. Veja que, como deve ter observado, no início eram grandes, porque grandes eram meus erros. Agora, no entanto, digo que já posso me desfazer dos pequenos”.

Na manhã seguinte, às primeiras horas, deslizava correnteza a fora, entre a névoa vespertina, uma embarcação robusta, diferente de todas as outras...