domingo, 9 de março de 2014

Reflexo

Admirando uma pintura, fiquei a analisar seu conteúdo e o enorme esforço do artista em representar na tela o que a natureza lhe permitia retratar.

Aqui uma vegetação mais espessa. Mais ao centro uma corredeira de águas tranquilas. Pedras.

No céu azul algumas nuvens e muitos outros detalhes, todos absolutamente inertes.

Não havia sons, aromas, névoas, somente aqueles rabiscos imóveis e insensíveis. Apesar da bela representação..., ali não havia vida!

Minhas mãos tocaram aquela tela à procura de algo mais e nada sentiram. Definitivamente nada!

Como é possível sermos transportados a esse estado de espírito e ainda nos confortarmos com essas roupagens?

Porque nos esforçamos tanto na procura de ilusões? De fantasias?

O artista apresenta uma miragem e aceitamos como verdade, apesar de plana e inanimada.

Assim é com os homens.

Preferem viver de utopias, devaneios, sonhos e aparências a sentir o perfume das flores!


Somos eternas miragens dissimuladas em detalhes planos e inodoros.


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