terça-feira, 4 de abril de 2017

Um lar para descansar.


Não é uma construção, não há tijolos ou concreto, janelas ou telhado. Não é uma casa e tampouco um palacete.

Simplesmente um lar para descansar...

Os cansados da vida e da morte buscam... Buscam um olhar, um sorriso, um abraço... e um lar.

Um lar para descansar das agruras, das ofensas, das mágoas e dos amores perdidos também.

Procuram um lar para descansar sua mente, seu espírito, seu corpo ferido.

Um doce lar iluminado onde não há dissabores, desavenças e tampouco fome.

Um lar em qualquer lugar e lugar nenhum. Um lar ameno e agradável para descansar.

O olhar corre do sofrimento, da dor e do apego. Corre da mania de dobrar-se por um punhado de migalhas, por um punhado de agrado e procura...

Um lar de braços abertos, de cobertor na mão e carinho no olhar...

Simplesmente um lar para descansar...

Por que nos penalizamos tanto? Por que nos cobramos tanto? E parece que quanto mais perto estamos, mais se afasta de nós impingindo nova derrota.

A alma cansada de tanta luta, desanimada dos arranhões dos farpados golpes da vida, tonteando entre o vazio e o sombrio, procura... Procura um lar para descansar...

Felicidade... Ah! A felicidade...

As cartas foram lançadas. As flechas passam zunindo. As palavras passam ferindo...

Os cansados da vida e da morte... Buscam um olhar, um sorriso, um abraço... e um lar.

Um lar de aconchego, um lar meloso, gostoso e acolhedor... 

Para agasalhar seus corações doídos, maltratados e dilacerados pelas pancadas dos caminhos...

Águas serenas não tardam e mansamente deslizam sob os pés calejados dos perdidos andarilhos dos cursos e refluxos das auroras e dos crepúsculos...

A noite chega e lá se vai o Sol deitar do outro lado do mundo...


E procuram somente um lar para descansar...



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