Num lapso de tempo
diminuto, em movimento na calçada pública e em pleno dia, acercaram-se monges
com vestimentas alaranjadas, nas mãos Rosários Budistas* de contas dispostas à
sua maneira peculiar, cores e acabamentos singulares. Olhos mais alongados que
semi-serrados, capilares curtos ou rentes, sandálias de um couro desconhecido, rápido
se deslocavam num terreno plano de terra, vegetação rara e rasteira, árvores retorcidas,
brisa suave e temperatura amena, apressados e sorrindo em busca de alguma coisa
que não pude apreender com os olhos do espírito.
Era um empréstimo de
ectoplasma ou um breve atendimento energético?
Perpassava em minha mente
em velocidade alucinante inúmeras idéias e perspectivas.
Imaginar em algum momento
que tal ocorreria é forçar minhas experiências extra-corpóreas extemporâneas e
limitadas. Visualização extra-consciente? Ocorreu e é inesquecível. Quando
menos se espera...
O que se passa
companheiros da transversalidade do mundo? Imergiram ou emergiram do passado ou
do futuro? Ou nesta dimensão não há tempo nem espaço?
Intempestivamente da mesma
forma que surgiram... esvaneceram num pestanejar da consciência. Todas as vezes
que a razão sobrepõe a "miragem" e tenta desvendar o indesvendável,
puff!
O sabor da vida é
apreciado em pequenos acontecimentos que ao acaso surgem sem qualquer aviso ou
sinal e ficam guardados em nossa memória até nos seus pequenos detalhes, e
retornando ao consciente revelam quase que os mesmos sentimentos, aromas e
emoções primárias e originais do momento mágico que trazem em si algumas
interpretações mas não certezas.
E ininterruptamente
prosseguimos a arranhar as memórias numa intrigante busca de respostas com
algum significado que atendesse às expectativas deste espectador involuntário para
um fato que deve ser muito corriqueiro em outras paragens mais desenvolvidas
espiritualmente, quiçá, mundos mais sutis e aprazíveis onde os Sóis coloridos infringem
aos espíritos autóctones vibrações de fraternidade e alegria.
Absoluta certeza não prospera
nesta paisagem, entretanto, como o espírito é curioso e pensa ser letrado em
desvendar mistérios, as buscas persistem e quem sabe em algum lugar e tempo
encontremos a resposta mais adequada e assertiva. No momento, somente os
arrepios no cangote nos sugerem energias diferenciadas do meio energético
daquela realidade ou irrealidade.
Quem viver, verá.
(*) Japamala - Rosário de 108 contas.
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