Uma
história da tradição ZEN conta que um guerreiro samurai foi ver o mestre Hakuin
e perguntou:
-
O inferno existe? E o céu? Onde estão as portas que levam a um e a outro? Por
onde posso entrar?
-
Quem é você? – perguntou Hakuin.
-
Sou um samurai – respondeu o guerreiro -, um chefe de samurais. Sou digno do
respeito do imperador.
Hakuin
sorriu e respondeu:
-
Samurai? Você parece um mendigo.
Com
o orgulho ferido, o samurai desembainhou sua espada. Estava a ponto de matar
Hakuin quando este lhe disse:
-
Esta é a porta do inferno.
Imediatamente,
o samurai entendeu. Ao guardar a espada na bainha, Hakuin disse:
-
E esta é a porta do céu.
* * *
Muitas e muitas vezes
reagimos aos estímulos externos ao sabor das emoções, e não raro, incorremos em
equívocos de entendimento. Agir sob o domínio do instinto é esquecer a condição
de espírito humano, é esquecer que o homem tem a capacidade do raciocínio e da
razão.
No cotidiano de nossa
existência, e aí destaco primordialmente a condição de espírito eterno, nos
defrontamos com inúmeras experiências exigindo de nós uma posição imediata. Pode
ser desde um simples tropeção na rua até o encontro com inimigos na condição de
encarnado ou do mundo espiritual.
Qual nossa reação? Um
impropério? Um enfrentamento imediato? Ou vamos lançar mão de nossa razão e
refletir antes de agir? Somos ou não, seres racionais?
Nem sempre...
Onde então procurar o
reino dos céus? Qual a porta que devemos abrir?
O reino dos céus, o reino
da redenção e da Luz, não está em algum lugar da terra para que possamos
encontrá-lo e assim desfrutar da felicidade eterna. Ele não está na casa do
vizinho e tampouco nas areias da praia.
Quem procura o reino
dos céus fora de si mesmo nunca o achará, porque é uma condição do coração e
nada mais.
Um coração magoado é
capaz de distribuir esperança?
Um coração dilacerado
por uma dor pungente é capaz de externar serenidade?
E não estamos
afirmando que sentimentos sejam negados. De forma nenhuma. Com certeza se
estiver pleno de amor irá derramar luz, amor e tranquilidade a todos em seu
entorno. Seja sua família, seus colegas de trabalho, seus pares religiosos e
até mesmo a seus inimigos.
Que possamos pensar
antes de falar.
Que possamos refletir
antes de agir.
E antes de reagir, é
louvável que possamos parar por um instante e verificar se é a emoção ou a razão
que impera em nossos corações.
Agindo de forma
racional e não precipitada, com certeza os resultados obtidos serão mais
assertivos e permanentes e acima de tudo trará sentimentos de alívio e paz às
nossas almas. E isto é o que importa.
Pensemos nisso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário