quinta-feira, 11 de junho de 2015

As chaves

Certa vez, em grande evento comemorativo de data importante daquela cidade, chama o governante para distribuir “As Chaves da Cidade”.
Em mesa ricamente decorada dispuseram muitas chaves de diferentes tamanhos, materiais e brilhos.
Havia douradas, cintilantes, as bem trabalhadas e aquelas esquecidas.
Passaram diante daquela mesa todos os habitantes do lugar em ordem de riqueza, poder e importância.
Cada personagem retirava a chave que lhe convinha, sem preconceito ou crítica.
Todas foram retiradas, inclusive uma de madeira muito tosca e de acabamento rústico.
Para surpresa, desceu à cidade para as comemorações daquele ano a Rainha de todo o povo. Em sua mão trazia cuidadosamente um objeto em forma de coração onde se notava uma fechadura.
“Cidadãos, eis aqui o tesouro mais valioso de nossa pátria”, disparou a Rainha.
Aquele que dentre vós portar a chave do segredo, receberá o pergaminho da vida.
Muitos e muitos tentaram e não obtiveram sucesso experimentando suas chaves preciosas e bem decoradas.
Apresentou-se então um senhor muito querido pelos familiares e amigos com aquela chave de madeira, feia e mal acabada.
Com natural receio, tentou e abriu a estranha caixa e de seu interior retirou um pergaminho de couro de carneiro.
Instado a ler a escrita, lágrimas caíram-lhe dos olhos: “Herdará a Terra aquele que antes de tudo valoriza as coisas do espírito. As portas do coração se abrem com as chaves da humildade e da resignação”.
Pensemos nisso.



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