Mas ajuntai tesouros no céu... (Mateus 6:20)
Mesmo guardando prudência e moderação, você será convocado ao
aprendizado do desapego (Inclusive da vitalidade física). Na condição de usufrutuário passageiro das bênçãos
que o felicitam, você não obterá certidão de posse definitiva sobre nenhum de
seus bens ou vínculos afetivos.
Não existem perdas reais no universo, porque nada pertence a ninguém.
Quando a vida convidar você às necessárias renovações, ainda que sofra a
dolorosa cirurgia do desprendimento, mantenha-se no controle de si mesmo.
Hoje é o filho que muda, amanhã um vínculo que parte, depois é um bem
surrupiado, mais além o emprego é retirado.
Guarda calma e equilíbrio para que entenda o recado de Deus endereçado a
você, nas alterações a que a existência o convida, por via da perda.
As dores das perdas são preciosos receituários contra as ilusões que
carregamos. São mudanças necessárias, visando ao caminho das conquistas que
legitimamente pertencem a você no reino profundo e particular de sua alma.
Deveríamos adotar o modo de vida original dos
indígenas do Brasil onde tudo era de todos com exceção dos colares, do cocar,
do arco e flecha e tacape. Taba, ocas, plantações, animais abatidos, inclusive
as terras, pertenciam a todos igualmente. Entre os indígenas não havia classes sociais, todos tinham os mesmos
direitos e recebiam o mesmo tratamento.
Jesus, na última ceia, dividiu igualmente entre todos,
o pão e o vinho, e pelo que consta, não premiou uns em detrimento dos outros.
Dois exemplos que nos levam a acreditar que os bens
da Terra deveriam ser de todos e não somente de alguns. Evidentemente não é o
que ocorre.
Ainda hoje, impera a concentração de renda e poder
nas mãos de alguns, tendo como conseqüência as diversas classes de pessoas
apreciadas pelo volume de recursos e bens que possuem.
Também é verdade que muitos detém o que ninguém
lhes pode tirar, como por exemplo, a cultura, a inteligência, a educação e
todas as demais virtudes do espírito, que são tesouros inalienáveis do homem
que as possui.
Entretanto, neste orbe, ainda impera o receio pelo
dia do amanhã, gerando todos os tipos de atritos e desavenças.
Quando já estivermos amadurecidos o bastante para
convivermos harmoniosamente, aqui reinará a paz e a felicidade, pois, não mais
haverá a necessidade do acúmulo individual das dádivas do Criador.
Interessante observar que chegamos sem nada,
lutamos desesperadamente por tudo, e partimos sem nada, o que nos leva a
refletir na real necessidade do acúmulo de posses materiais sem limites, muito
além do satisfatório para manutenção do corpo físico.