Sinceramente,
gostaria de entender, dentro das possibilidades de que sou portador, o porquê
de Deus ter criado o homem e tudo mais. Não sendo o próprio Deus, não visualizo
conscientemente uma brecha que me proporcione responder a esta questão cáustica
sem que fosse necessário responder a tantas outras que consequentemente surgiriam
no decorrer do "brainstorm" a que estaria submetido. Diz-se que para
que participasse de sua criação, entretanto, quem afirma tal intenção senão o
próprio homem cercado pela idolatria que lhe é pertinente? Victor Hugo escreve
que "Cada homem é um livro que o
próprio Deus escreve". Se Deus escreve, porque somos tão falíveis e incoerentes?
Onde a caneta de Deus deixou de sulcar as linhas do papel e o homem demandou? Percorremos
séculos e séculos de pensamentos, invenções e criações, uma após outra, e ainda
teimamos em afirmar que há um objetivo primordial para a criação dos seres em
geral e principalmente aquele que é portador de uma inteligência superior que
lhe confere a capacidade de reconhecer a si mesmo. Mero acaso ou um
determinismo asseverado pelos dogmas e afirmações religiosas que por si só não
confere credibilidade às suas próprias afirmações? Há muito tempo reconhecemos
que não somos de modo algum algo fora do comum e tempestivo. Somos o geral,
estamos inseridos num todo muito maior e abrangente, onde nossa consciência
ainda não alcança. Carregamos conosco um temor quase doentio de que um dia tudo
acabe e nada mais reste para expressar a odisseia dos humanos nos planetas
fartamente habitados e distribuídos por todo o Universo observável. A questão
fundamental é aquela que expressa a existência eterna do Criador que sobrevive
a tudo e a todos, sem distinção. O homem, este ser dotado de capacidade cognitiva,
que em outros mundos necessariamente terá outra denominação, não sobrevive sem
Deus, já o inverso, é uma verdade incontestável. Quantas descobertas e modos de
observar a esta criação ainda serão apresentados? Quantas formas e estruturas
ainda serão descortinadas e trarão certamente surpresas e suspiros? Um dia
ainda perguntaremos como pudemos sobreviver aos nossos pensamentos tão
destrutivos e corrosivos em relação ao convívio harmonioso de que poderíamos
desfrutar? Quanto tempo perdemos com mesquinharias baratas e intrigas bisonhas?
Com certeza ainda permanecemos estacionados no degrau inferior da Consciência e
da Ética Cósmica. Como o homem se vê? Em que contexto se insere neste universo
estranho e confuso? Por enquanto somos unidades de carbono intencionando
descartar as imperfeições e assumir uma outra estrutura inteiramente nova e
desconhecida em seus princípios criativos, dotadas de capacidades totalmente inimagináveis,
podendo, talvez, viajar nos próprios pensamentos e aspirações. Um mundo
totalmente novo onde os princípios físicos, químicos, matemáticos, e todo o
conhecimento adquirido nesta dimensão seja descartado ou mesmo elementar e
insipiente. Neste vai-e-vem de dúvidas e questionamentos, por enquanto fiquemos
com Leon Tolstoi: "Aquilo que foi e que será, e até mesmo aquilo que é,
não somos capazes de saber, mas quanto àquilo que devemos fazer, não apenas
somos capazes de saber, como também o sabemos sempre, e somente isso nos é
necessário."
Pensemos nisso...
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