terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Allan Kardec e os Druidas - Parte 3 - Considerações Finais e Conclusão.


A palavra druida significa "muito sábio". Os antigos tinham ouvido falar deles desde o século IV A.C. e tinham profundo respeito por seus conhecimentos e sabedoria.

A síntese dos druidas se ergue do fundo das eras como um dos mais altos cimos que o pensamento filosófico já pôde atingir. Embora ensinada secretamente, traduzia-se com toda a nitidez nos conceitos e ações dos iniciados gauleses, e sobretudo nos cantos dos bardos, provocando nos autores gregos e latinos sentimentos de admiração e respeito.¹

O Druidismo, como todas as grandes doutrinas, tinha duas faces, dois aspectos. Um externo, feito de figuras, imagens e símbolos. Era a religião popular, ao alcance do povo. A outra, profunda e oculta, era a doutrina que revelava as grandes verdades a as leis maiores, reservada àqueles a quem o grau evolutivo tornava capazes de compreendê-las e apreciar-lhes a beleza. Por aí, essa doutrina se relaciona com as outras grandes revelações, budista e cristã, todas provindas, em sua essência, de uma mesma fonte, única e grandiosa. Nos países celtas , ela não era transcrita na língua comum, o que significaria entregá-la a qualquer um; entretanto, os druidas possuíam uma escrita simbólica vegetal, chamada escrita oghan ou ogham, e a utilizavam, porém só os iniciados lhe possuíam as chaves.¹






O ensinamento era basicamente oral, transmitido de boca a boca sob a forma de estrofes, em inúmeros versos, que foram mais tarde divulgados pelos bardos, que eram iniciados.¹

Na época em que as Triades passaram a ser escritas, o cristianismo já havia penetrado na Gália. É possível, como supõem alguns críticos, que isso tenha influído sobre a redação delas, nalguns pontos. No conjunto, essa obra-prima conserva sua poderosa originalidade, sobretudo na visão que oferece da ascensão da alma desde o fundo do abismo, annoufn, até as alturas sublimes de gwynfyd. O cristianismo silenciou a respeito da evolução dos seres inferiores e tudo que diz respeito à vida em todos os níveis abaixo do humano, e isso constitui uma lacuna considerável na explicação das leis da vida. ¹

Lógica Trinária

Muitos daqueles que estudaram os Celtas, Gaélicos ou outros, perceberam que entre eles havia outra forma de lógica. O que era esta lógica, só agora estamos começando a especular. Nós costumamos ver as coisas em termos de sim ou não: mesmo “talvez” tem a conotação implícita de que eventualmente o “sim” ou o “não” se aplicará ao caso. No entanto, nas Tríades, vemos o que parece ser um método onde é dado um exemplo, depois outro, depois um terceiro que parece ser o ponto-chave da questão.²

Observando algumas Triades e a semelhança de conceitos:

- Três coisas que mais beneficiam uma pessoa: pobreza, doença, e filhos; pois por meio deles se pode aprender muito que não seria conhecido de outro modo.

- Três coisas necessárias aos que cometeram erros: reconhecer seu erro, buscar a justiça, e oferecer reparação.

- Três raízes de todos os males: cobiça, falsidade, e arrogância.

De acordo com as Triades, existem três fases ou níveis de existência: em Annoufn, ou nível da necessidade, o ser começa nas formas mais rudimentares. Em Abred, ele evolui de vida em vida no seio das humanidades e adquiri a consciência e o livre-arbítrio. Enfim, em Gwynfyd ele goza da plenitude da existência e de todos os seus atributos, liberto das formas físicas e da morte. Eleva-se à mais alta perfeição e atinge o plano da felicidade.¹

A ideia básica do druidismo é a ideia de um Deus, único, eterno, infinito. A primeira Triade o expressa formalmente, e a noção de Deus se desenvolve nas seguintes:

1ª - Há três unidades primitivas, e de cada qual só pode haver uma única: um Deus, uma verdade; um ponto de liberdade, isto é, o ponto onde se encontra o equilíbrio de toda oposição.

2ª - Três coisas procedem de três unidades primitivas primordiais: toda a vida, todo o bem e todo o poder.

3ª - Deus é necessariamente três coisas, a saber: a parte maior da vida, a parte maior do conhecimento e a parte maior do poder.

4ª - Três coisas que Deus não pode deixar de ser: o que deve constituir o perfeito bem, o que deve querer o perfeito bem, o que deve realizar o perfeito bem.

5ª - Três garantias do que Deus fez e fará: seu poder infinito, sua sabedoria infinita e seu amor infinito, pois não há nada que não possa ser feito, que não possa se tornar real e que não possa ser determinada por esses atributos.

Tomando o Livro dos Espíritos (Kardec) vamos encontrar:

O que é Deus?

1 - Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

E nos Atributos da Divindade:

13 - Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso e soberanamente justo e bom.

Incontestável a realidade de que Kardec encontrou campo fértil em terras francesas para florescimento do Espiritismo, de forma semelhante ao florescimento do Cristianismo que encontrou campo fértil nas terras da Palestina.

E por fim constatamos que há uma essência pura imutável que rege todo o progresso e evolução da criação Divina, independente do tempo e do espaço, dos fluidos pesados ou sutis, da matéria ou da anti-matéria, das sombras ou da Luz. Tudo tem um início e um fim na Sabedoria Eterna, no Amor Eterno, no Justo e no Bom.

(1) - León Denis - O Gênio Celta e o Mundo Invisível.
(2) -  Uma Coleção de Tríades, Leis, Costumes e Sabedoria Tradicional do Povo Celta Pré-Cristão do que é hoje Escócia, Irlanda e Gales - John F. Wright.





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