quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O reino dos céus


Uma história da tradição ZEN conta que um guerreiro samurai foi ver o mestre Hakuin e perguntou:

- O inferno existe? E o céu? Onde estão as portas que levam a um e a outro? Por onde posso entrar?

- Quem é você? – perguntou Hakuin.

- Sou um samurai – respondeu o guerreiro -, um chefe de samurais. Sou digno do respeito do imperador.

Hakuin sorriu e respondeu:

- Samurai? Você parece um mendigo.

Com o orgulho ferido, o samurai desembainhou sua espada. Estava a ponto de matar Hakuin quando este lhe disse:

- Esta é a porta do inferno.

Imediatamente, o samurai entendeu. Ao guardar a espada na bainha, Hakuin disse:

- E esta é a porta do céu.

* * *

Muitas e muitas vezes reagimos aos estímulos externos ao sabor das emoções, e não raro, incorremos em equívocos de entendimento. Agir sob o domínio do instinto é esquecer a condição de espírito humano, é esquecer que o homem tem a capacidade do raciocínio e da razão.

No cotidiano de nossa existência, e aí destaco primordialmente a condição de espírito eterno, nos defrontamos com inúmeras experiências exigindo de nós uma posição imediata. Pode ser desde um simples tropeção na rua até o encontro com inimigos na condição de encarnado ou do mundo espiritual.

Qual nossa reação? Um impropério? Um enfrentamento imediato? Ou vamos lançar mão de nossa razão e refletir antes de agir? Somos ou não, seres racionais?

Nem sempre...

Onde então procurar o reino dos céus? Qual a porta que devemos abrir?

O reino dos céus, o reino da redenção e da Luz, não está em algum lugar da terra para que possamos encontrá-lo e assim desfrutar da felicidade eterna. Ele não está na casa do vizinho e tampouco nas areias da praia.

Quem procura o reino dos céus fora de si mesmo nunca o achará, porque é uma condição do coração e nada mais.

Um coração magoado é capaz de distribuir esperança? 

Um coração dilacerado por uma dor pungente é capaz de externar serenidade?

E não estamos afirmando que sentimentos sejam negados. De forma nenhuma. Com certeza se estiver pleno de amor irá derramar luz, amor e tranquilidade a todos em seu entorno. Seja sua família, seus colegas de trabalho, seus pares religiosos e até mesmo a seus inimigos.

Que possamos pensar antes de falar.

Que possamos refletir antes de agir.

E antes de reagir, é louvável que possamos parar por um instante e verificar se é a emoção ou a razão que impera em nossos corações.

Agindo de forma racional e não precipitada, com certeza os resultados obtidos serão mais assertivos e permanentes e acima de tudo trará sentimentos de alívio e paz às nossas almas. E isto é o que importa.


Pensemos nisso.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Como agem os guias espirituais e o que esperar dos anjos de guarda (mentor individual).

Os guias ou orientadores espirituais, anjos de guarda ou qualquer Força que represente Deus para a criatura humana têm função de facilitar, catalisar, inspirar, supraordenar, e não de entregar respostas ou soluções prontas, excetuando-se ocasiões raras. Se agissem como fonte aberta de imediata resolução de problemas, tornar-se-iam lídimos “ladrões evolutivos”, incorrendo em erro semelhante ao do (a) professor (a) que fizesse pelo (a) aluno (a) seu dever de casa e não lhe permitisse exercitar o que aprende.
Somente por meio de suas próprias experiências (ainda que assistidas) de tentativa, erro e acerto, pode o ser humano, em processo de desenvolvimento da inteligência e dos sentimentos, de expansão da consciência e da lucidez, encontrar os genuínos (porque personalíssimos) caminhos, respostas, escolhas e soluções para cada drama, desafio ou incógnita com que se depare, no infinito oceano do espaço-tempo, até sua integral transcendência, na mística ascensão à Eternidade... no glorioso mergulho no Seio da Divindade.
Assim, que ninguém aguarde dos autênticos mestres espirituais – estejam livres da matéria densa ou nela encapsulados – fórmulas precisas, objetivas, específicas para as necessidades e perplexidades que cada indivíduo deve, respectivamente, atender e dissolver por si mesmo.
Esse alerta é de suma importância, primeiramente por ser deveras cômoda a ideia de ter alguém que mostre, sem custos, o mapa da trajetória evolutiva (que é singular, variando de pessoa a pessoa); segundo, porque muito facilmente se encontrará, no plano físico e/ou no extrafísico de existência, quem pretenda apresentar normas e esquemas prontos para o pensamento e a conduta alheios, frequentemente descambando para o controle e a manipulação, crassos ou sutis, seja no meio familiar, profissional, acadêmico ou terapêutico, seja no âmbito das religiões ou do intercâmbio mediúnico com outras dimensões de consciência.
A liberdade de discernimento e ação é outorga inalienável e inviolável de Procedência Divina. O grande e contínuo desafio-aprendizado, todavia, consiste em reconhecer as vozes mentais (externas ou internas) que de fato entrem em ressonância com a própria consciência (que naturalmente sintoniza a Vontade de Deus e Seus representantes), distinguindo-as d’outras vozes psíquicas (intra ou extramuros de si) que se revelem, após análise mais acurada, vetores de preconceito, de moralismo castrador, de fanatismo diabólico, sempre condutores a rotas de extremo e evitável sofrimento, de extensão indefinível no tempo, para todos que se permitem enredar em suas sedutoras armadilhas de sofisma e malevolência mal-dissimulada.
Esses vetores mentais capciosos e sinistros muito comumente surgem aos olhos dos menos prevenidos, quais elaboradas e bem-acabadas manifestações do Bem. Lembremos do grave alerta de Jesus: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”... e também do inesquecível e quase assustador aviso Crístico: “Porfiai por adentrar o Reino dos Céus, porque estreita é a porta para a salvação...”
Espírito Eugênia-Aspásia
Médium: Benjamin Teixeira de Aguiar
29 de janeiro de 2016


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Carnaval - Chico Xavier / Emmanuel


Médium Chico Xavier/ Espírito Emmanuel - Psicografado pelo Francisco Cândido Xavier em Julho de 1939 / Revista Internacional de Espiritismo, Janeiro de 2001.

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever. Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho. Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras.

Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.