segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma tal de Ruth...

Minha sogra partiu...
Foi pelos 13 de agosto
Foi-se do jeito que queria
Lá pros lados de Maria.

Tamanha dignidade
Não perdia a acuidade
Cedo a sofrer aprendeu
Da vida nunca se arrependeu.

Já no fim dos sóis
Tempo não perdia nem a pensar
Punha logo a quem lhe cuidava
No tricô a trabalhar.

Dormia cedo e cedo despertava
Café, chocolate, doce e bolo
Mal lhe fazia, dizia
Mas logo esquecia e tudo comia.

Mulher de fibra
Muito murro em ponta de faca
Nada lhe abatia
Nem mesmo as antipatia.

Mulher, a luz tem que dar
Rebentos não podem faltar
A cutucar as netas e atrelados
Sinceridade no falar.

Eta mineirinha porreta
E olha que veio de Maria lá das Minas
Lugar qualquer não é
Essa tal de Maria da Fé.

Contava suas histórias
E descorria suas memórias
Das peraltices de criança
Às aventuras de mocinha
Nada esquecia
Mesmo daquelas mais precoces
Nada lhe escapava
Nem dos sons que só escutava.

Mesmo agora anda pelo mundo
Disputando o lugar dos escolhidos
Ajudando uns e outros
A desatar seus nós sem contra nem prós.

Olhos atentos, pensamentos aguçados
Do francês dos seus tempos de primário
Das longas frases das músicas das serestas
Vivia a vida que Deus lhe deu
Sem reclamar das tristezas do caminho
Mesmo no finzinho
Foi da maneira que quis e na sua hora
Essa tal de Ruth de Carvalho Viola.





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