Caminhando por alguns trechos de minha vida verifico que nem
sempre me dei conta das reais pretensões de meu espírito.
A visão atual, mais ponderada e aguçada, me possibilita
refletir com maior profundidade os diversos aspectos que no exato momento das
ocorrências, submetidos ao peso das emoções e sentimentos conexos aos fatos, me
impediam de observar com nitidez e claridade o retrato, sem as garatujas do
imperfeito e inacabado rascunho.
A maturidade do espírito é incontestável e mostra a necessidade
de repetirmos por diversas vezes as mesmas lições para podermos avaliar os
diversos ângulos de que dispomos para moldar de forma inequívoca, à nossa mente
em formação, a verdade, mesmo que aparente.
Essa reflexão nos aponta uma outra verdade, a de que o tempo
se torna estático quando não há lembranças. Se não pensamos e não movimentos
nossos neurônios, mesmo os mais sutis, não há vida! O que é o tempo senão o
precipitar dos acontecimentos e a possibilidade de aferirmos nossa capacidade
de realizarmos um trabalho e transformar uma ideia em algo palpável? Nossos
pensamentos são criações, e voltamos a pensar nos fatos ocorridos no passado em
outro tempo. Neste tempo.
A possibilidade real de que dispõe o espírito humano de relembrar,
sem culpas ou arrependimentos, as experiências e vivências levadas pelas águas
do tempo, sem o envolvimento emocional e sem a "temperatura" que as
envolvia, nos trás a certeza de que, inseridos na rede da vida, somos os responsáveis
por todos os ensaios que somados um a um escrevem a história única e essencial
de cada um de nós.
Sentado sobre essa quantidade imensa de folhas, preenchidas pacientemente
de ensinamentos e sentimentos, erros e acertos, lágrimas e sorrisos, noto que
as decisões interferiram, muitas vezes positivamente e outras nem tanto, na
condução do meu destino, mas que não posso ficar imaginando como seria se assim
não fosse. Uma linha circular não apresenta um início e um fim, simplesmente
existe.
É notável a sabedoria do Incriado. Quanto mais avançamos,
mais longe estamos do objetivo. Quanto mais nos aproximamos, maior a distância
a ser percorrida. O espaço é amplificado quanto maior a velocidade que
impulsionamos aos nossos pensamentos.
A realidade é tão ou mais relativa quanto maior nossa certeza
de que existe um tempo onde o espaço está paralisado ou um espaço onde o tempo
não tem significado.
Somos o que somos. Ponto final... Por enquanto.
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