sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tempos modernos


Apesar de acostumado às novidades diárias algumas coisas ainda me surpreendem.

Caminhando neste passado final de semana “topei” com uma agradável mãe, diga-se de passagem deve ser uma exceção, espero, adjetivando um grande palavrão e admoestando um jovem garoto de seus 8 anos em razão do tempo perdido para levá-lo a um treino de futebol.

Pobre garoto! Pobre de mãe é claro. Pode ser que se salve, ainda.

Neste instante bateu a saudade...

Saudades do tempo em que MÃE era algo sagrado, se dava o respeito e era respeitada até além dos limites, educadora, orientadora. Mãe era sinônimo de renúncia, sacrifício, amor. Era tudo! Apesar de tudo!

Saudades do tempo em que os Padres não se confessavam pedófilos e “pegadores” na juventude.

Saudades do tempo em que a inocência de criança acreditava que o mundo era um certo paraíso!

Saudades do tempo em que uniformizado de escoteiro participava de campanhas do livro, do alimento, do cobertor e se pregava a moral e a conduta ilibada.

Saudades do tempo em que na escola, os alunos se levantavam à entrada do professor ou da professora e os chamavam de “Mestres”.

Saudades do tempo em que olhar para o céu era uma oportunidade de meditar e filosofar e não sonhar com carrões, iates, perfumes e mulheres...

Saudades do tempo em que assistíamos a comerciais do tipo café Seleto, cobertores Parahyba e parecia sentirmos o cheiro do café fresquinho e do calor que a coberta oferecia. Hoje assistimos a comerciais recheados de erotismo barato a despertar a libido de crianças recém saídas das fraldas. Qualquer um pode desfrutar da maçã proibida sem preconceito e responsabilidade.

Saudades do tempo que para tocar na mão de sua namorada iam alguns meses...beijinho então, nem se fala. Hoje se “fica” e se “multiplica”!

Saudades do tempo que para se unir ao outro era preciso “perder tempo” para conhecer os sentimentos e as verdades presentes no espírito do eleito ou eleita.

Saudades do tempo que os assuntos eram resolvidos ao vivo e a cores, sentindo os perfumes e aromas do contato humano e do calor das palavras.

Saudades do tempo em que as pessoas se dirigiam a uma igreja, templo ou sinagoga para refletir, meditar e orar por uma cura, uma melhora íntima ou um consolo para sua alma doída e não um escambo para obter vantagens materiais.

Saudades do tempo em que tínhamos tempo para pensar sobre a vida e seus mistérios e cada um construía seu caráter a partir de sábios conselhos dos mais velhos, escritos, falados e declamados.

Saudades do tempo em que a ética e a compostura eram valorizadas e o homem era medido pela educação e não pelas roupas ou “adidas” da vida.

Saudades do tempo em que ouvíamos músicas que serenavam nossos corações e despertavam emoções. Hoje elas agridem nossos tímpanos e a nossa saúde moral.

Saudades do tempo em que tomávamos refrigerante em garrafas de vidro e só para isso serviam.

Saudades do tempo em que as moças e os rapazes tencionavam se casar para ter filhos e educá-los para serem grandes seres humanos e não terem grandes contas bancárias e dezenas de diplomas nas paredes. Grandes por fora e completamente ocos por dentro.

Saudades do tempo em que mais valia possuir um grande coração e despertar virtudes do que enxertar silicones e despertar cobiça, ignomínia, volúpia e sensualidade.

Saudades do tempo em que ter convicção e saber dizer não eram virtudes e não caretice.

Saudades do tempo em que a adolescência terminava por volta dos 17 ou 18 anos. Hoje vai pra lá dos 28 e se deixar, encalha na casa dos pais, dos avós ou das tias.

Saudades do tempo em que crianças eram crianças e adultos eram adultos.

Saudades do tempo em que telefone era caríssimo e pensávamos muito antes de falar. Hoje praticamente todos têm celulares. Fala-se muito e pensa-se pouco.

Saudades do tempo em que não era necessário “jurar por Deus” para que acreditassem em nossas palavras. Na atualidade se desconfia de tudo e de todos e até de si mesmo.

 Saudades do tempo em que as meninas eram recatadas e os meninos envergonhados.

Saudades do tempo em que respeitar as leis e os costumes eram atributos de um “homem de bem”!

Saudades do tempo em que podíamos caminhar de madrugada pelas ruas sem sentir aquele calafrio na espinha ao passar por outra pessoa. O medo e a angústia a tudo consomem.

Saudades do tempo em que selvagens eram os animais de grande porte e não a busca desenfreada pela venda de produtos supérfluos que entopem nosso tempo, o tempo todo.

Saudades do tempo que íamos a escola para estudar e aprender muito além dos livros, adquirindo ciência e sabedoria e não simplesmente passar de ano.

Saudades dos anúncios e propagandas que focavam os produtos e não as mulheres despidas que sem pudor algum se entregam por um punhado de moedas.

Saudades do tempo em que os jornais e revistas publicavam reportagens e críticas bem escritas e recheados de conteúdo sem apelos de primeira página.

Saudades...

A humanidade está necessitando urgentemente de um choque de “hombridade” pois as conseqüências do jeitinho atual de viver levarão à ruína todos os princípios que constroem e embasam uma vida feliz e completa. As estruturas familiares estão sendo quebradas e os conceitos éticos esquecidos. Olhamos no espelho da verdade e só encontramos o vazio, o inóspito, a incongruência, a distorção e a negação.

Que Deus na sua infinita bondade e paciência faça-nos acreditar que ainda teremos a humildade e a decência de aceitar nossa pequenez da compreensão da vida. Que tenhamos a exata noção da imensidão a ser percorrida para alcançarmos a liberdade responsável e o conhecimento pleno da Criação Divina e que sejamos possuidores de coragem para mudarmos os rumos de nós mesmos.

Saudades...




Um comentário:

  1. Eu também tenho saudade de tudo o que vc falou...Percebo que hoje existem duas fases na vida, a infância e a adolescência pois os adultos de hoje continuam adolescentes. São preocupados com internet, celular, dietas, tratamentos estéticos, futilidades e não conseguem passar para a fase adulta. Acho que quando a família começou a "desmoronar" tudo foi ficando muito diferente.A diferença de tempos passados é profunda em todos os sentidos. "Que Deus nos ajude a acordar".

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