Vivem-se, na atualidade, os dias
de descontrole emocional e espiritual no querido orbe terrestre.
O tumulto desenfreado, fruto
espúrio das paixões servis, invade quase todas as áreas do comportamento humano
e da convivência social.
Desconfiança sistemática aturde
as mentes invigilantes, levando-as a suspeitas infundadas e contínuas, bem como
a reações doentias nas mais diversas circunstâncias.
A probidade cede lugar à avareza,
enquanto a simpatia e a afabilidade são substituídas pela animosidade contumaz.
As pessoas mal se suportam umas
às outras, explodindo por motivos irrelevantes, sem significado.
Explica-se que muitos fatores
sociológicos são os responsáveis pelas ocorrências infelizes.
Apontam-se a fugacidade de todas
as coisas, a celeridade do relógio, o medo, a solidão e a ansiedade, como
responsáveis pela frustração dos indivíduos, gerando as situações agressivas
que os armam de violência e de perversidade.
A cultura e a ética não têm
conseguido acalmar os ânimos, deixando que a arrogância e a presunção enganosas
tomem conta dos incautos que se lhes submetem docemente.
Os relacionamentos sem
afetividade real, estimulados por interesses nem sempre nobres, tornam-se
antagonismos, em decorrência de alguma negativa que se torna oportuna e é
direcionada ao outro.
A maledicência perversa grassa
nos arraiais dos grupos, minando as bases frágeis das amizades superficiais, e,
não poucas vezes, transformando-se em calúnias insidiosas. Mesmo entre as
pessoas vinculadas às doutrinas religiosas libertadoras que se baseiam no amor
e na caridade, no respeito ao próximo e no culto aos deveres morais, o vício
infeliz permanece, destruidor.
Armando-se de mau humor, não
poucos homens e mulheres externam o enfado ou os sentimentos controvertidos em
que se consomem, dando lugar a situações vexatórias. Em mecanismo de
transferência psicológica atiram os seus conflitos à responsabilidade dos
outros, como se estivessem desforçando-se da inveja que experimentam em relação
aos mesmos.
Aumenta, assustadoramente, a
agressividade, nestes dias, nos grupos humanos, sem que haja um programa de
reequilíbrio, de harmonização individual ou coletiva.
Trata-se de uma guerra não
declarada, cujos efeitos perniciosos atemorizam a sociedade.
As autoridades dizem-se atadas a
dificuldades quase insuperáveis em razão do suborno, do tráfico de drogas, dos
desafios administrativos, da ausência de pessoal habilitado para os
enfrentamentos, falhando, quase sempre, nas providências tomadas.
Permanecem desse modo, os
comportamentos infelizes nos lares, nos educandários, nas vias públicas, no
trabalho...
A agressividade é doença da alma
que deve merecer cuidados muito especiais desde a infância, educando-se o
iniciante na experiência terrestre, de forma que possa dispor de recursos para
vencer a inferioridade moral que traz de existências transatas ou que adquire
na convivência doentia da família...
* * *
A agressividade é herança cruel
do medo ancestral, que remanesce no Espírito desde priscas eras.
Não diluído pela segurança
psicológica adquirida mediante a fé religiosa, a reflexão, a psicoterapia
acadêmica, a oração, domina os recônditos do sentimento e exterioriza-se de
forma infeliz na agressividade.
A ausência dos diálogos
domésticos saudáveis entre pais, filhos e cônjuges ou parceiros, que se agridem
mutuamente, sempre ressentidos, extrapolam do lar em direção à via pública,
transformada em campo de batalha, segue no rumo do local de trabalho, e até aos
clubes de recreação, em contínuo destrambelho das emoções.
Nesse contubérnio afligente,
Espíritos irresponsáveis e frívolos aproveitam-se das vibrações deletérias e
misturam-se com esses combatentes perturbados, aumentando-lhes a ferocidade e
estimulando-lhes os instintos inferiores.
O resultado são os crimes
hediondos, asselvajados, estarrecedores, que aumentam o índice de maldade em
razão da ingestão de bebidas alcoólicas, de drogas alucinantes e fatais...
A civilização contemporânea
periclita nos seus alicerces materialistas, ameaçada pela agressividade e pelo
desrespeito moral que assolam sem freio.
Sem dúvida, estudiosos do
comportamento, educadores sinceros e devotados, religiosos abnegados,
pensadores sensatos e sociólogos lúcidos vêm investindo os seus melhores
recursos na construção da nova mentalidade saudável, em tentativas ainda não
vitoriosas para a reversão do quadro aparvalhante, confiantes, no entanto, nos
resultados futuros.
O progresso moral é lento e exige
sacrifícios de todos os cidadãos que aspiram pela felicidade e pela harmonia na
Terra.
As respeitáveis contribuições da
Ciência e da Tecnologia, valiosas, sob qualquer aspecto considerado, respondem
por muitas modificações das estruturas ultramontanas, suprimindo a ignorância e
o primitivismo.
Nada obstante, também são usadas para o crime de várias
denominações, especialmente através dos veículos da mídia: os periódicos, a
Internet, a televisão, assim como o teatro e o cinema, com a sua complexa
penetração nas massas, às vezes, usados vergonhosamente e sem qualquer
controle, oferecendo campo de vulgaridades e informações que preparam
delinquentes e viciosos...
A rigor, com as nobres exceções
existentes, a sociedade moderna encontra-se enferma gravemente, necessitando de
urgentes cuidados, que o sofrimento, igualmente generalizando-se, conseguirá,
no momento próprio, oferecer a recuperação, o reencontro com a saúde após a
exaustão pelas dores...
Instala-se, desse modo,
lentamente, o período da paz, da brandura, da fraternidade.
Sofrido, o ser humano ver-se-á
compelido a fazer a viagem de volta às questões simples e afáveis, à amizade e
à ternura, qual filho pródigo de retorno ao lar paterno após as extravagantes
experiências que se permitiu.
Que se não demorem esses dias,
que dependerão do livre-arbítrio dos indivíduos em particular e da sociedade em
geral, embora o progresso seja inevitável, apressando-se ou retardando-se em
razão das opções humanas.
* * *
A agressividade infeliz é doença
passageira, embora os grandes danos que produz, cedendo lugar à pacificação.
Torna dócil a tua voz, nestes
turbulentos dias de algazarra, e gentis os teus gestos ante os tumultos e
choques pessoais...
Com sua sabedoria ímpar, Jesus
assinalou: Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.
Suavemente permite que a mansidão
domine os territórios das tuas emoções, substituindo esses infelizes mecanismos
da inferioridade moral pelos abençoados valores da verdade.
Joanna de Ângelis.
Página psicografada pelo médium
Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 15 de março de 2010, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.